11/09/2011: 10 anos de fato tristemente histórico

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Hoje o mundo lembra os atentados terroristas ocorridos nos Estados Unidos, há exatos 10 anos. E este triste episódio marcou profundamente a história recente da humanidade. E pudemos presenciar na TV, no rádio, na Internet, jornais toda essa tragédia, como se esta estivesse nas janelas de nossas casas. Pude presenciar naquela terça-feira fria e nublada de 11 de setembro de 2001, em São Paulo, como tudo poeticamente conspirava para um dia triste. As emissoras de TV não paravam de falar sobre o ocorrido, as rádios também, muitas delas interrompendo sua programação para informar continuamente os fatos que se sucediam. Ouvi no rádio, surpreendentemente na rádio Energia 97 FM (que toca música eletrônica) que as torres do World Trend Center haviam caído, e com elas a ilusão de que os EUA eram inabaláveis. A internet travou naquele dia. Todos queriam saber sobre o atentado nos portais e sites jornalísticos, congestionando a grande rede, tendo que os próprios sites a criar versões simplificadas de suas páginas iniciais para atender a demanda de acessos.

Como a insanidade pode ser tão devastadora? Os cerca de 3000 mortos em Nova Iorque, Pentágono e Pensilvânia mostram o tamanho de uma estupidez que não tem palavras, tamanho, medida ou causa que justifique tal ato. Ato este que opôs o mundo contra o Islã e provocou outros abalos estruturais na conjuntura mundial. O clima de incerteza contaminou o pensamento de todas as pessoas. Cogitou-se até em uma terceira guerra mundial ou ainda que este ataque seria uma grande fraude por ser tão surpreendente e inesperado. Mas a tragédia foi real e abalou as estruturas da terra dos que se auto-intitulavam “os donos do mundo”, e pairou sobre a terra do Tio Sam uma nuvem de incertezas, e inclusive outros eventos, como o furacão Katrina, tornaram os estadunidenses mais pessimistas.

Uma das consequências do 11 de setembro foi a crise de 2008. As estratégias de defesa, a contenção do clima de insegurança, o contra-ataque contra o talibã e a reconstrução das áreas afetadas pelos ataques custaram muito caro aos EUA. E isto culminou com uma crise econômica americana, insolvência e quebradeira dos bancos, mostrando assim a fragilidade da estrutura econômica estadunidense. E como os EUA são o centro econômico mundial, o efeito cascata provocou uma grande pandemia econômica. Até hoje sofremos os efeitos da crise de 2008 e o rebaixamento da nota da dívida estadunidense reflete que esta crise estará longe de se encerrar para eles, pois há uma grande barreira que é a política. Os republicanos seriam os maiores responsáveis pelo agravamento da situação estadunidense no pós-11/09. Além de ter tomado medidas ineficazes e incoerentes para contra-atacar (o exemplo maior disso foi a invasão do Iraque), não houve um controle de sua política interna, o que fez com que houvesse uma bolha de crédito e que esta estourasse.

O 11 de setembro evidencia uma realidade em que se considera que os fins justificam os meios, tanto de um lado, como de outro, porém esta tese caiu por terra, já que no fim, todos sairam derrotados deste triste e lamentável episódio de nossa história.

De bolsa a pochete

Os últimos dias de tensão no mercado financeiro nos mostram que a economia mundial está cada vez mais integrada, porém frágil, pois a cada abalo na economia de um país, os demais mercados sofrem seus reflexos, gerando um clima de pânico e nervosismo.

Uma série de fatores fez com que a crise econômica se tornasse uma pandemia nos mercados nos últimos meses, a saber:

  • A batalha política no congresso americano, com a possibilidade não confirmada de calote e consequente rebaixamento dos títulos americanos.
  • O agravamento da crise das dívidas soberanas de países europeus: Grécia, Irlanda, Espanha, Portugal e Itália.
  • O aumento da inflação na China, com a adoção de medidas por parte do governo chinês para conter o consumo.
  • A inflação de alimentos em todo o mundo, por conta dos desastres ambientais e climáiticos que reduziram a capacidade produtiva.
  • A tensão no oriente médio com revoltas populares.
  • O terremoto e tsunamis no Japão, em março, que paralisaram a indústria.

No Brasil, esses fatores influenciaram bastante o mercado nacional, já que o Brasil é um importante exportador de commodities agrícolas e minérios. Aliado a isso, alguns fatores internos causaram vulnerabilidades na economia brasiliera, tais como:

  • A letargia governamental por conta do esfacelamento do aparelho público para abrigar os partidos da base aliada.
  • Recentes escândalos de corrupção em ministérios importantes do governo Dilma: Casa Civil, Transportes, Agricultura e Turismo.
  • Postura pouco firme e agressiva frente a inflação crescente.
  • Intervenção estatal em importantes empresas como Vale, Petrobras e Pão de Açúcar.
  • Congresso pouco interessado em tocar grandes reformas como as tributária, política e trabalhista.
  • Fisiologispo político.
  • Descrédito da opinião pública e falta de mobilização popular frente a causas que atravancam o desenvolvimento nacional como a infra-estrutura e o aparelho público da saúde, educação e segurança.
  • Altas taxas de juros.
  • Mercado aquecido, provocando pressões inflacionárias.
  • Possível bolha de crédito.
  • Vinculação de salários à inflação, causando indexação econômica.

Diante de tudo isso, o mercado financeiro no Brasil se viu em um cenário pessimista. Ontem houve uma queda brusca de mais de 8% no iBovespa, quase prococando um circuit breaker, que é uma interrupção das operações da bolsa, caso a mesma atinja uma baixa superior a 10%.

O período é de incerteza, mas não de desespero. Quem tem projetos de curto prazo, o conveniente é retirar os papeis da bolsa. Quem tem intenção de manter o dinheiro aplicado por um longo período e não precisa de resgatar agora, pode deixar como está, pois a queda brusca se deu por pânico, e não por uma crise aguda. Agora quem quer especular o momento de comprar pode ser agora, visto que os papeis estão baratos.

A bolsa de São Paulo tinha 73.000 pontos antes da crise de 2008 e chegou a 29.000 no auge da crise da quebradeira mundial iniciada com a falência do Lemon Brothers. Ano passado, o índice da bolsa havia voltado ao patamar pré-crise, mas desde o início do ano, veio caindo o preço dos papeis. A queda é preocupante e requer atenção, pois não há consenso dos analistas de mercado sobre as perspectivas futuras da bolsa de valores de São Paulo. Há analistas que projetam uma retomada das ações da bolsa, e outros que indicam que continuaria a tender queda. Estes últimos neste momento, parecem ter a razão.

A bolsa de São Paulo, assim, se reduziu a uma pochete.

Em tempo: a bolsa recuperou parte das perdas hoje, com uma alta de mais de 5%, ainda assim, a bolsa brasileira foi uma das que mais tiveram perdas no mundo.

Amy Winehouse está morta

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Os fãs de música foram surpreendidos hoje com a notícia da morte de Amy Winehouse (1983-2011), encontrada morta em sua casa, em Londres, Inglaterra. Mas esta trágica notícia é uma tragédia anunciada pois os frequentes problemas com álcool e drogas levaram-na a esta direção e parecia ser questão de tempo o seu precoce fim. Dona de uma voz potente e inconfundível, sua genialidade musical, que lembrava as grandes divas do Funk/Soul mundial, se contrastava com seu estilo rebelde, desregrado e às vezes inconsequente, com rompantes violentos em escândalos que escancaravam uma vida de vícios em drogas e álcool.

Há dois legados que Amy pode deixar após sua meteórica carreira. O primeiro e mais importante e positivo foi o legado artístico, visto ao seu sucesso arrebatador e sua característica musical ímpar. O outro, tão importante quanto, porém negativo, é o legado social. Os problemas que ela teve com o vício das drogas e do álcool mostram claramente que o entorpecimento não é benéfico a ninguém, pelo contrário, corrói sua capacidade criativa, sua habilidade e por fim, destrói sua vida totalmente.

A mídia, por sua vez, tem uma parcela de contribuição na sua morte. Tabloides e sites de fofoca tornaram-na uma estrela de escândalos, exibindo em close suas bebedeiras e vexames, em nome da audiência e do capitalismo sensacionalista que contaminou muitos jornais em todo o mundo. A relação de Amy com a mídia, tão estreita e conflituosa, contrasta com casos nacionais como o de Fábio Assunção e Walter Casagrande que tiveram problemas com drogas, mas que foram blindados pela mídia (notadamente a Rede Globo, emissora à qual estas pessoas mantinham vínculo profissional), somente falando sobre o assunto após uma reabilitação. Se por um lado a blindagem torna a questão do vício um tabu, por outro, a exposição excessiva o banaliza, e até mesmo incentiva outras pessoas a fazer o mesmo.

Os locais de reabilitação de dependentes químicos são chamados de Rehabs nos Estados Unidos e Inglaterra. E Rehab é o maior sucesso de Amy Winehouse, tornando esta música um retrato de uma artista que imola hoje. Talvez Rehab seja uma sátira à uma vida desregrada, mas pode ser um pedido de socorro contra o isolamento que o vício traz. A dependência de álcool e drogas afasta o viciado das pessoas que ama e o Rehab é o isolamento de forma institucionalizada e formal. Não há recuperação de um dependente sem a reintegração deste à sociedade e à família, pois este problema não é apenas do dependente, já que este não possui mais a capacidade emocional e psíquica de enfrenta-lo. A questão do vício deve ser enfrentado pelo dependente químico e por todos que o rodeiam, sejam parentes, amigos e conhecidos. E este é o verdadeiro sentido que Rehab tem, não dito pela voz de Amy quando cantava aquela música, e sim, com as mensagens subliminares que sua vida enviava a todos nós a cada capítulo conturbado de sua, agora abreviada, vida.

Já que o Brasil perdeu…

Mais uma derrota da seleção canarinho, desta vez nos pênaltis, de forma bizarra, sem converter nenhum tento. A Copa América vem expor as feridas do futebol sul-americano que se vê em um declínio franco e melancólico, às vésperas de sediar a copa do mundo no continente em 2014 após 32 anos do último mundial, justamente na mesma Argentina, onde ocorre esta edição da Copa América.

A primeira constatação é que a organização deste certame foi horrorosa. Como é possível organizar um torneio com gramados cheios de terra e em estado deplorável? Equipes mais técnicas, como Brasil e Argentina sofreram para exibir um futebol vistoso e foram precocemente eliminadas do torneio.

Outra constatação é que houve uma desnacionalização do futebol sul-americano. Nossos melhores jogadores estavam cansados de uma extenuante temporada europeia. No Brasil, havia Neymar, Ganso, Elano e Fred que estão atuando aqui, mas em um campeonato pegando fogo como o brasileiro este ano, certamente eles poderiam estar jogando com o “freio de mão puxado”, e passaram a contar somente com seus talentos, tendo assim uma atuação discreta e aquém do esperado. E este não é um caso particular da seleção canarinho. A atuação de Leonel Messi na Argentina além de outros jogadores de lá, também deixou a desejar, pois estavam cansados. Os clubes europeus estão sufocando a FIFA e as seleções nacionais. Já não tem mais graça ou prazer ver jogadores ostentando uniformes de seleções defendendo e representando o futebol de um país. Tudo isso porque um uniforme de clube não defende o orgulho nacional ou patriotismo e sim os interesses publicitários dos patrocinadores. Há clubes em que o manto sagrado parece uma página de classificados de tanto espaço para anunciantes. Assim, o futebol se torna capitalista e selvagem em que as cifras valem muito mais que o prazer e o bem-estar que o desporto vem trazer ao ser humano.

Não temos uma equipe pronta para a copa. O futebol brasileiro ainda não tem um grupo formado e ainda está longe disso. Claro que ainda é cedo para especular, pois ainda temos safras de bons jogadores chegando. Mas é preciso calma e paciência para que o grupo surja e se torne um selecionado de respeito. Temos bons jogadores, mas um time ainda não.

Não é preciso ser futurólogo para ver que as tendências do futebol são cada vez mais sombrias. Daqui a três anos, quando nos gramados brasileiros, a copa do mundo passar por aqui, esperamos que aconteça o ideal, mas é longe do possível. Mas sabemos que é preciso instituir mudanças sérias no desporto, não apenas no futebol, pois o atual modelo de gestão do desporto é falho, gasto, corrupto, intransigente e não serve mais para hoje, nem para o futuro.

"Sô di menó, dotô!"

Segunda-feira, 11/07, em Guarulhos, ocorreu um acidente de trânsito que vitimou fatalmente duas mulheres e feriu um bebê, que sobreviveu. O carro que provocou a tragédia estava sendo guiado por três adolescentes que o roubaram e estavam fugindo da polícia. Cada vez mais vemos memores envolvidos em crimes neste país e este artigo vem discutir o assunto, mostrando uma realidade cada vez mais torpe da criminalidade, tendo adolescentes como instrumentos na prática dos crimes.

Qual a diferença entre um adulto armado e um adolescente armado? Está na estrutura psicológica que no jovem é menos desenvolvida, a ponto de não ter o menor discernimento dos fatos aos quais rodeiam. Isto faz com que o adolescente aja de forma mais incisiva e  inconsequente, fazendo com que este consiga, de uma forma mais violenta e agressiva obter resultados em seus delitos. Um adolescente por não ter conhecimento e discernimento pleno dos fatos, é facilmente influenciável, manipulável e tem uma grande busca por desafios e é emocional e de uma entrega grande por seus objetivos.

O mal maior que existe nesta utilização de menores no crime é que o êxito nas ações delituosas deles tem o mesmo efeito viciante de entorpecentes. E a gravidade é maior pois a formação precoce no crime faz com que o jovem infrator se torne um adulto criminoso de alta periculosidade com traços psicopatas. E a utilização de jovens no crime ocorre pela incapacidade do estado em tratar do problema do menor infrator em todos os seus aspectos. Pelo aspecto jurídico, a ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) estabelece normas que de certa forma acabam protegendo o menor infrator, mas essa proteção é mal interpretada e mal executada pelas autoridades. Há diversas causas para que um adolescente siga o caminho da criminalidade e entre elas está a falta de amparo do Estado em garantir condições dignas de saúde, educação, moradia e lazer a estes jovens. Além disso, os criminosos adultos os utilizam como álibis na prática de seus crimes, pois a função de mandante do crime somente ocorre quando há casos de homicídios. Porém vemos como autores intelectuais de crimes cometidos por menores, pessoas adultas e com passagens na polícia.

A primeira medida a ser adotada é endurecer a lei contra os aliciadores de jovens. Quem recebe um bem roubado por um adolescente está sendo mais culpado do que o jovem, pois este último estaria sendo apenas um instrumento da execução do delito. Também temos que buscar alternativas de inclusão do menor infrator, separando-o em grupos menores e oferecendo a ele alternativas de saída do mundo criminoso. Paralelamente, oferecer suporte total a jovens em situação de risco, para que tenham uma alternativa viável à criminalidade. Por fim, estabelecer uma nova política criminal em que seja possível uma punição rápida e justa a todos os pegos em delitos, e que esta punição tenha o intuito de ressocializar o indivíduo, em vez de marginalizá-lo.

A mãe, a amiga e a p*ta

Em uma sociedade machista e conservadora como a nossa, espera-se de uma esposa três comportamentos distintos: a mãe, a amiga e a prostituta. É triste ver que a mulher valha para o homem tão pouco. A mulher não deve ser a sombra do homem atendendo somente a suas necessidades afetivas, domésticas e sexuais. A mulher precisa também ter suas necessidades plenamente satisfeitas de modo que possam buscar sua satisfação de maneira livre e independente.

A cultura machista, sexista e patriarcal a qual estamos submetidos, coloca a mulher em um estágio bem abaixo do digno. Os salários são menores, sofrem com o desrespeito, subestimam sua capacidade intelectual e de habilidades e são constantemente vistas mais pelo aspecto sexual. Nunca vi de tamanha insensatez homens jovens referindo às mulheres pela genitália feminina, como se estas somente servissem para isso.

Ainda busca-se a famosa “Amélia”. Aquela que era mulher de verdade, que não tinha a menor vaidade… Esse conceito de mulher Amélia é o da mulher submissa e doméstica que somente cuidava dos afazeres domésticos e conjugais. A mulher Amélia não existe mais, mas insistem em achar que a mulher deve ficar em casa, rebaixando sua dignidade quando realiza atividades tipicamente masculinas como trabalhar ou dirigir. Todo homem tem necessidade de afeto materno. Este afeto é censurado pela cultura machista pois tornaria o filho efeminado. Quando o homem se casa, essa necessidade de afeto pode ser enfim, preenchida, mas não de forma idêntica à forma que havia na infância, pois quem estaria no comando agora seria o “filho”. E assim, este “filho” crescido buscaria na esposa os cuidados que recebia quando era criança pela mãe, mas sem as obrigações que a mãe impunha ao filho para educá-lo. Este saudosismo maternal pode ser observado em alguns relacionamentos através do comportamento infantil dos homens, e pelo desleixo que eles fazem em suas ações cotidianas como o uso de ambientes, utensílios e pela recusa e sensação de incapacidade frente a atividades domésticas.

É curioso que a amizade da esposa, ao modo machista de ver, nada mais é do que uma concordância cega e aceitação de opinião de forma incontestável. O homem é quem manda e a mulher deve apenas aceitar a opinião do marido, mesmo que não concorde. Duas mentes trabalham melhor e é da divergência é que surge o consenso e com isso, melhores alternativas para questões pontuais ou para planos futuros.

Em suma, homens e mulheres podem conviver em um mesmo espaço de forças em um relacionamento. Não é por questões culturais que um deve se sobressair ao outro. É necessário um diálogo e um entendimento entre as partes para que um relacionamento se torne algo benéfico para ambos em um par. E para isso deve deixar de existir que uma mulher somente serve para ser a mãe, a amiga e a prostituta.

Sem Titulo 11/7/2011-12:33

Mix do Kazzttor (Julho de 2011)

Playlist:
1. Amannda – Tonight (hytraxx remix)
2. Criss de Burgh – High on the emotions (martin parker rehab booty)
3. Michael Jackson – Hollywood Tonight (DJ Chuckie Extended Remix)
4. Roger Sanchez feat. Mobin Master & MC Flipside – Worldwide (Adrian Lux & Blende Remix)
5. Ricky Martin – Mas (boombox hustlers remix)
6. Bruno Mars – The lazy song (justin sane remix)
7. Fizzy Deejay – Rolling in the deep (steve modana remix)
8. Adamski – Killer 2011 (Hoxton Whores Remix)
9. Apster & Bassjackers – Brougham (Original Mix)
10. Neighbour – Toute freak (dcup remix)
11. Five – We Will Rock you (Dj Vish Remix)

Resposta ao vídeo do Sr. Mascarado Polêmico.

Sr. Mascarado Polêmico.

Assisti o seu vídeo sobre a homofobia e em muitos pontos você tem razão. Andam glamurizando a homossexualidade (e não homossexualismo como consta em seu vídeo) e infelizmente nota-se um destaque somente ao sexo do que aos direitos que a comunidade LGBT pleiteia. O respeito à opinião é sagrado e sua opinião é pautada em bons argumentos, porém cabe aqui uma crítica construtiva, pois alguns de seus importantes argumentos caem no erro da falácia alimentada pela manipulação dos fatos, algo que você tanto criticou, e acabou se contradizendo.

Na minha opinião, também acho que em vez de dinheiro público ir a uma parada gay, deveria sim ir para educação, saúde, segurança. Porém a atitude pública da parada é a mesma praticada no carnaval: dá-se instrumentos de prevenção de DST’s. O gel entra na jogada, pois em uma relação com coito anal, não há nenhum tipo de lubrificação, diferente de uma relação sexual com coito vaginal, onde a mulher naturalmente irriga o duto vaginal com um fluído. Há um risco quando não há esse tipo de lubrificação no sexo anal: o primeiro é de a camisinha se romper durante a relação e o segundo de que quando há sexo sem proteção, a fricção gere ferimentos e estes sejam porta de entrada de infecções e DST’s.

Claro que critico alguns pontos da Parada Gay, mas esta manifestação é legítima. O grande mal é que as pessoas desconhecem a realidade LGBT e isto é uma barreira para que se estabeleça uma relação de respeito. Fui na última parada e o que vi é bem diferente do que costumam relatar. Existem muitos que estão a fim de pegação e sexo fácil, mas esse público é uma minoria. A grande maioria do público presente na parada são de casais homossexuais e heterossexuais que vão em busca de paqueras, música e bebida. Quantas vezes vi grupos de homens tentando de forma idiota paquerar uma garota na parada, às vezes de forma rude e desrespeitosa?

Vivemos hoje em um mundo sexista. Tudo parece ser movido a sexo, o que é uma grande mentira. O que ocorre nas danceterias GLBT é o mesmo que ocorre nas danceterias hetero, mas sem o pudor hipócrita que circunda o sexo heterossexual. Basta comparar, e vemos que não existe diferença, do ponto de vista afetivo, entre uma relação heterossexual e uma relação homossexual. Da mesma forma, não podemos insinuar que todo homossexual é viciado em sexo ou pedófilo, ou ainda um pervertido sexual. As patologias psicológicas ligadas ao sexo não possuem vínculo em maior ou menor grau à sua sexualidade. Podem ser observadas mais em sexo gay devido ao fator de a homossexualidade ainda ser vista como aberração por boa parte da sociedade, sobretudo os mais conservadores e moralistas, sendo um sentimento violentamente reprimido e às vezes transformada em uma psicose.

A orientação sexual (e não opção sexual, conforme você diz no vídeo), não é algo que se deve exteriorizar escandalosamente. Sabemos que algumas pessoas agem assim, mas não é regra. A grande maioria dos gays e lésbicas, tem uma vida e comportamento normais perante a sociedade somente distinguindo da maioria da população em suas relações afetivas.

O ponto a ser observado é que o respeito, conforme você mesmo diz, se conquista. Mas a conquista do respeito não passa também pela quebra dos preconceitos e da busca pela verdadeira verdade?

É importantíssimo falar o que pensamos. Vivemos em uma sociedade democrática e livre em que o debate é o seu exercício mais sublime. Mas é importante se pautar em argumentos que não ferem ou estimulem pensamentos e atitudes que destruam o respeito e a liberdade. Pois antes de ser livre o homem precisa saber respeitar o próximo.

Na parada: política, cultura e economia

Nesta parte, a última, vou por em discussão os aspectos políticos, econômicos e culturais no meio GLBTT.

Hoje o movimento GLBTT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transgêneros) está em evidência. Seja na música, teatro, teledramaturgia, cinema, televisão e política, a temática da homossexualidade deixou de ser um tabu e tornou-se um assunto em frequente discussão no Brasil. O assunto é polêmico e gera opiniões contra e a favor da homossexualidade, sendo que os grupos mais conservadores rejeitam, e os mais liberais defendem. Porém estamos diante de um debate mais franco e de uma abertura maior baseada na ética a qual a comunidade GLBTT deve se organizar de modo a não perder essa oportunidade de tornar o Brasil um país mais liberal e respeitador da diversidade sexual.

Aqui cabe uma auto-critica ao movimento GLBTT. Observa-se muito o caráter da festa da parada e dos seus dividendos econômicos, porém não procuram verter a parada em dividendos sociais, éticos e sobretudo políticos. É sabido de todos que pelo fato de um homossexual ter um grau de rejeição familiar alto, a maioria deles se tornam independentes economicamente de forma precoce. Por consequência, e também pelo fato de não constituírem famílias com dependentes incapazes, a probabilidade de um homossexual ter um poder aquisitivo maior é muito maior do que um heterossexual de mesma idade. Geralmente possuem uma escolaridade melhor e ganham mais, o que se reflete no público da parada ter uma média de gastos até 30% maior do que turistas heterossexuais, segundo a Associação Comercial de São Paulo. É tido como um nicho de mercado importante  e rentável e que não pode ser ignorado. Com efeito, essa independência e individualidade precoce se tornam empecilhos para que o movimento GLBTT se fortaleça e se organize para que pleiteie seus direitos de forma mais incisiva.

Vemos figuras homossexuais de destaque em todos os meios, porém alguns não se identificam e rejeitam a sua orientação sexual publicamente por acreditarem equivocadamente que orientação sexual e masculinidade são intimamente relacionados, ou ainda, que a orientação sexual seria um empecilho para que alguém realize uma atividade qualquer, como praticar esportes, realizar esforços físicos ou trabalhar de forma pesada.  Não há nenhum estudo que comprove que um homossexual esteja inapto a realizar qualquer atividade, assim como não exista nenhum estudo que inabilite uma mulher a realizar qualquer atividade. Ou seja, qualquer pessoa, não importando sua orientação sexual, tem o direito viver normalmente, e desempenhar qualquer atividade, pois a orientação sexual não desqualifica nenhum indivíduo a faze-la. Uma outra questão é que se alguém defende a causa gay é tida como homossexual, o que é uma falácia mesquinha, justamente para isolar a defesa dos direitos GLBTT aos homossexuais, enfraquecendo o movimento. Não é porque está defendendo uma causa que uma pessoa está diretamente envolvida nela. Há muitas razões para que relacionamentos homoafetivos possam ser aceitos e defendidos por muitas pessoas, homossexuais ou não. O controle da natalidade, o fim da intolerância, a melhoria das políticas de saúde sexual, a redução de batalhas jurídicas por espólio de homossexuais falecidos, o combate a homofobia, a promoção de novas células familiares, a aceitação do indivíduo junto a sociedade e o respeito a sua individualidade, a promoção da inclusão social e do respeito ao próximo seriam alguns dos valores que serão disseminados em nossa sociedade tornando-a mais pacífica, liberal e plural, com a adoção de direitos isonômicos aos homossexuais. O que é preciso é eliminar alguns vícios de nossa comunidade GLBTT como o estereótipo sexualizado que foi pinchado em muitos de nós. Precisamos combater também a auto-homofobia. É preciso que as pessoas possam se assumir sem medo de represálias, pois mais importante do que a aparência social é a auto-estima, e reprimir ou ocultar sua orientação sexual é danoso a sua própria personalidade e saúde mental.

Nossa sociedade também precisa execrar os estereótipos. As pessoas precisam entender que não existem profissões ou atividades gays ou héteros, que existem é pessoas, gays ou héteros, e que a atividade que exercem não tem nenhuma relação com a sua orientação sexual.

A mídia precisa parar com o terrorismo homofóbico na teledramaturgia e jornalismo. Infelizmente a maior emissora de televisão do país insiste em bombardear as mentes das pessoas com um discurso que coloca o homossexual como chacota. Há um seriado chamado “Macho Men” em que um homossexual se torna hétero após uma pancada na cabeça, e também uma cena da novela “Morde e Assopra” em que o personagem gay tem uma noite de sexo com uma mulher. Ninguém muda de orientação sexual de uma hora para outra, num passe de mágica. É possível que uma pessoa gay tenha uma experiência sexual com uma pessoa do sexo oposto, da mesma forma que uma pessoa heterossexual tenha uma experiência homossexual, como ocorre na adolescência de muitos jovens. Mas a insinuação da Rede Globo é sórdida. Induz o telespectador a crer que a orientação sexual é algo exclusivamente racional e voluntário de um indivíduo, mas é muito mais do que isso na realidade, gerando uma distorção dos fatos. Quando isso não ocorre, o personagem gay é estereotipado, efeminado bem distante da maioria dos homossexuais. E as lésbicas são tratadas como fetiche ainda, ou com deboche, com as personagens “Marias Sapatão”, em que são extremamente masculinizadas. Houve mudanças em alguns personagens atualmente, mostrando um lado gay mais próximo da realidade em alguns trabalhos e isto indica uma mudança de postura, mas ainda é exceção, não regra. Ainda há muito moralismo cercando a teledramaturgia da Rede Globo, sendo que cogitou-se muitas vezes cenas de beijos gay que foram até mesmo gravadas, mas cortadas pouco antes da exibição das novelas.

A política é um dos pontos mais cruciais deste processo. A eleição do deputado Jean Wyllys, o primeiro assumidamente gay a assumir uma cadeira na câmara dos deputados é um marco, porém os evangélicos já se organizaram politicamente há muito tempo e formam uma bancada que se opõe a conquista de direitos GLBTT. A organização de um braço político supra-partidário pela causa LGBTT é o primeiro passo para o estabelecimento de diretrizes impactantes que defendam essa causa. A organização deve partir da conscientização do gay, da lésbica, bissexual, travesti ou transgênero da importância em votar em representantes que atendam a suas reinvindicações. O fortalecimento das entidades de defesa GLBTT é também crucial, com uma participação mais ativa dentro do poder público para apurar e denunciar a homofobia em todos os aspectos de nossa sociedade. Somente um estado livre se forma, quando todos os cidadãos atuam de forma ostensiva em todos os movimentos sociais. Também é importante que a sociedade GLBTT fortaleça estas entidades participando ativamente de suas atividades.

A Drag Queen Tchaka disse na marcha anti-homofobia, ocorrida em São Paulo em abril que  “o gay é o sal, que tempera e dá aquele gostinho bom ao mundo” e é com orgulho que vamos levantar a bandeira do arco-íris, não apenas para mostrar as suas cores, mas para temperar a Terra com amor, respeito e humanidade.

Uma imprensa esportiva marrom

Ontem, dia 23 de junho, o jornal esportivo Marca estampou a conquista da Taça Libertadores da América pelo time do Santos, mas na manchete tratou de ofender a torcida corinthiana com a mensagem “Chupa Corinthians” e no crédito da foto da comemoração de Neymar, insinua que o Corinthians precisa aprender com o Santos a jogar a Libertadores. Isto ocorre pois o Corinthians é o único grande clube de São Paulo que nunca ganhou este certame.

O fracasso corinthiano em Libertadores não aumenta ou diminui o valor das conquistas dos rivais. Pelo contrário, são provocações irresponsáveis de jornais de péssimo nível editorial que acabam incitando a violência no futebol. Claro que uma conquista de um título provoque alguma provocação, mas esta não deve ser ofensiva como insinua o jornal.

Talvez a ideia do editor seja de fazer vender a edição pela rivalidade existente entre o Corinthians e outros grandes clubes, e até torcedores corinthianos comprassem a edição para que os rivais não o comprassem, mas este capitalismo selvagem e sensacionalista que tomou conta de parte da imprensa deste país, tornou o escárnio alheio um espetáculo. Um exemplo real de desrespeito a grupos humanos.

O torcedor corinthiano deve rejeitar essas provocações. Pois estas apenas atestam que o Corinthians é uma referência para vencedores e vencidos.

Na parada: o sexo

Continuemos nossa série de artigos sobre a parada gay, levando a debate o que caracteriza o homossexual: sua orientação sexual.

É tolice afirmar que a sexualidade apenas trata da orientação sexual do indivíduo. O comportamento e as preferências específicas de uma pessoa para ou durante o ato sexual também constituem sua sexualidade. Não se pode afirmar que exista um padrão sexual, pois cada indivíduo somente tem sua personalidade sexual mediante a experimentação e descoberta de sua sexualidade. É algo que é impossível aprender na teoria ou através de testemunhos alheios. Assim, qualquer classificação ou rótulo à sexualidade se torna um processo trabalhoso e às vezes inútil, pois cada indivíduo possui uma identidade sexual própria. E mesmo que exista uma classificação, esta pode ser distorcida e às vezes equivocada.

Entre os maiores equívocos em relação à sexualidade está o que aponta que todo homossexual é promíscuo e viciado em sexo. Não existe nenhum estudo que comprove este fato. Há entretanto uma cultura que acredita que este fato é verdadeiro, e muitas pessoas, incluindo alguns gays, lésbicas e bissexuais, acreditam que este fato é verídico. A promiscuidade não tem relação nenhuma com a orentação sexual, e sim com o comportamento do indivíduo, pois tanto existem homossexuais e bissexuais promíscuos como hererossexuais promíscuos, sendo que estes últimos são aceitos e os dois primeiros, não. Por termos uma cultura machista, a figura do homem viril, sexualmente ativo e promíscuo é aceita e até mesmo incentivada na puberdade pelos pais, inclusive.

Também acusam o homossexual de ser pedófilo. Há muitos casos de pedofilia envolvendo homossexuais, mas a maioria deles são de pessoas de idade e com a sua orientação sexual reprimida. Esses agressores também foram vítimas de uma sociedade que reprimiu sua sexualidade (não apenas no sentido de orientação sexual, mas também de comportamento sexual) e para ser aceitos, teve que bloquear seus desejos sexuais, mas provocando em si um efeito patológico de impulso sexual agressivo contra crianças. Claro que as origens da pedofilia se dão em um disturbios psicológicos, muitas vezes relacionados a possíveis abusos sofridos na infância. Mas este não tem origem na sexualidade do indivíduo, pois a maioria dos abusos comentidos contra crianças, as vítimas são meninas e os agressores, homens. Novamente o machismo entra nesta tônica por considerar um agravante o agressor e a vítima serem do mesmo sexo, enquanto praticamente banalizam quando são de sexo diferentes, até mesmo acusando a vítima de se “oferecer” ao agressor.

Outra questão a ser discutida é quanto a relação existente entre orientação sexual e identidade de gênero, que na prática, não existe. Apenas uma parte dos homossexuais não se identifica com seu gênero de nascimento (masculino ou feminino). Ainda existe uma crença de que todo homossexual masculino é efeminado e toda a lésbica é masculinizada o que é falso. Ainda existem pessoas com questões de identidade de gênero, mas que não se iniciaram sexualmente, o que comprova que inexiste relação entre identidade de gênero e sexualidade. Este é um dos tabus a respeito da homossexualidade que precisam ser quebrados.

O comportamento sexual aparentemente mais ativo entre a comunidade LGBT ocorre muito em virtude de uma cultura mais aberta e menos ligada a moralismos do que os grupos heterossexuais. Observa-se claramente uma maior dificuldade de grupos heterossexuais em conquistar pessoas para o sexo, frente a grupos homossexuais. No entanto, os relacionamentos estáveis tendem a ser mais duradouros e menos sujeitos a crises do que os relacionamentos heterossexuais, pois há um grau de conhecimento e cumplicidade maior entre as partes.

Em suma, somente observa-se os aspectos negativos da sexualidade para caracterizar o homossexual, porém observa-se que patologias sexuais não são exclusivas de uma orientação sexual, em maior ou menor grau. O que vemos é que relaciona-se o gay e a lésbica apenas ao comportamento sexual de forma deturpada e ofensiva, sem entender claramente que a pessoa homossexual é um ser humano igual às outras, com mesmos sentimentos e necessidades afetivas como qualquer outra. E por isso, não devemos rotular ou qualificar a sexualidade de uma pessoa apenas considerando sua orientação sexual.

PS: Importante salientar que relaciona-se a homossexualidade com as DST’s. O fato é que vemos aqui no Brasil uma queda entre homossexuais de incidência de DST’s, com destaque para a AIDS. Por outro lado, houve um aumento na incidência de DST’s entre heterossexuais. Ou seja, esta relação existente entre homossexualidade e DST’s é uma grande falácia.

Na parada: A igreja

Hoje iniciaremos uma série de artigos sobre a parada gay de São Paulo que ocorrerá no dia 26 de junho. E o primeiro artigo convida o leitor a debater sobre homossexualidade e religião.

Os grupos religiosos mais conservadores contestam a PLC 122 que criminaliza a homofobia no país. Segundo estes, a lei seria contra a liberdade de expressão religiosa, já que a doutrina religiosa prega a homossexualidade como um pecado e o homossexual um herege. De fato, há passagens da bíblia que atestam esta afirmação e que condenam o homossexual a ser tido como persona non-grata da sociedade cristã ideal. Entretanto, a própria Bíblia se for contextualizada e adaptada para os dias de hoje, nos mostra que a visão homofóbica de muitas entidades religiosas é distorcida e facilmente contestável.

O homossexual, o viciado, o mendigo e todos os marginalizados são hoje o que eram naquela época o leproso, o cego, a adúltera que também eram marginalizados e perseguidos pela sociedade. Agindo assim, os líderes religiosos que pregam a homofobia estão contradizendo os próprios princípios cristãos que defendem. Pois Jesus Cristo mostrou que todas as pessoas, sem distinção, podem ser cristãs aceitas e são dignas de compaixão e misericórdia.

Assim sendo, os conceitos cristãos elementares são a síntese dos conceitos humanos universais e ideais. Mas a distorção desses conceitos é o que faz com que muitas igrejas tenham esse papel segregatório. Observa-se uma leitura literal e não contextualizada das escrituras, e isto somado a termos líderes religiosos sem formação litúrgica adequada, os chamados obreiros e “Pastores de fundo de quintal”, que pregam a palavra de Deus sem conhecê-la plenamente. Também não há em muitos cursos litúrgicos um conhecimento apurado das escrituras e uma contextualização que promova um caráter inclusivo à religião. Sem dúvida, parte da distorção que equivocadamente relaciona homofobia e religião tem esse fato como uma das causas.

A história do cristianismo também ajuda a explicar a origem da homofobia em seu contexto filosófico. Quando o cristianismo surgiu, os cristãos pioneiros eram oprimidos pelos romanos que possuíam uma vida de orgias e o comportamento casto dos cristãos procurava se opor aos dos romanos. Além disso, havia uma necessidade de combater a superioridade numérica de outros povos por meio da procriação, que é a constituição de uma unidade familiar com numerosos descendentes. Esta política procriatória fez com que a população cristã crescesse em progressão geométrica e se tornasse a mais populosa do mundo antigo. Assim sendo, todo ato que não colaborasse com essa doutrina (a homossexualidade) era tido como transgressor e patológico. Hoje não existe a necessidade de procriação para o estabelecimento de uma doutrina religiosa, então por que a homossexualidade ainda é banida das igrejas? Por questão de controle. As igrejas mais homofóbicas são as que mais detém o controle e alienação sobre seus fieis. Um grupo se torna mais unido e disciplinado quando encontram um denominador comum, e a motivação é maior quando este denominador provém de uma possível ameaça. Isso alimenta o ódio como uma forma de auto-defesa e assim, os homossexuais passaram a ser tidos como inimigos da doutrina cristã, como método disciplinar de controle. Outra justificativa plenamente observável é de que a comunidade LGBT por ser marginalizada se torna vulnerável e frágil, e seria tecnicamente uma demonstração de força aniquilá-la.

Contudo, nota-se claramente um paradoxal comportamento que é cego e alienado. O comportamento nazi-facista destas organizações religiosas, as quais ferem até mesmo seus próprios princípios fundamentais em nome de poder e influência, disfarçados de moralismo, devem ser reprimidos com sabedoria e conhecimento. Se há em outras passagens das escrituras outros tipos de restrições que foram abandonadas pela comunidade cristã por não ser compatíveis com nosso modo atual de viver, por que então abandonar a homofobia e considerar a todos como filhos de Deus?

Sem Titulo 6/6/2011-0:27

01 de junho de 2011: Dia de greve

A região da Grande São Paulo acordou em clima grevista: Sabesp, motoristas de ônibus intermunicipais, funcionários da CPTM, além de outras categorias já paralisadas como a dos funcionários do Centro Paula Souza, mostram o grau de insatisfação dos trabalhadores frente a intransigência de seus patrões. O direito de greve é legitimo, pois é o recurso extremo da classe trabalhadora quando seus direitos são ameaçados e até mesmo usurpados de seus gestores.

Por ser um recurso extremo, a greve deve ser encarada com responsabilidade e importância, de modo que uma postura séria por parte dos grevistas legitima sua posição de insatisfação e torna o movimento simpático a todos os trabalhadores e a população em geral.

Infelizmente há ainda uma guerra de informações, de forma deturpada por termos uma mídia elitista que costuma ouvir mais as vozes patronais do que as vozes sindicais nestes momentos. E assim, somente acreditam que os trabalhadores clamam por melhorias financeiras nas negociações, o que é uma grande inverdade, pois desconhecemos suas rotinas de trabalho, e a pressão a qual são subjugados.

Ainda existe um preconceito quanto ao direito de greve pois acreditava-se que se fazia uso político da manifestação grevista, por conta de a maioria dos dirigentes sindicais ter orientações socialistas, marxistas ou comunistas. Trata-se de um tolo preconceito achar que uma greve não passa de um episódio de batalha de uma luta de classes, quando na verdade trata-se de um recurso para pressionar administradores e gestores a ter uma postura mais empática às reivindicações de seus trabalhadores. Claro que existem alguns dirigentes sindicais radicais que ainda sustentam a tese das lutas de classes para embasar suas manifestações, mas a prioridade deve ser sempre de atender aos anseios da classe trabalhadora.

Em nosso país, infelizmente, ainda existem dirigentes de empresas que almejam o lucro a qualquer custo, mesmo se este custo seja pago com péssimas condições de trabalho e desvalorização da mão de obra. É importante salientar que o quadro funcional é o melhor e mais importante ativo de uma organização, e que não pode ser tratado como se fosse um objeto ou uma peça de maquinário. O funcionário é o ator do processo produtivo, e é por ele e graças a ele que uma organização tem resultados. E nada mais justo do que valorizar seu trabalho atendendo às suas expectativas de recompensa pelo esforço dispensado em prol da organização.

Oferecer ao trabalhador condições de trabalho justas e humanas, remuneração digna para suprir suas necessidades e oferecer condições para que este tenha satisfação no trabalho é dever de todas as organizações que almejam ser bem-sucedidas e respeitam a sociedade em que se encontram. Isto é Responsabilidade Socioambiental de fato.

Deixe estar

É impossível viver uma vida monocromática. Passagens repetitivas ou sem perspectivas de grandes reviravoltas tornam a vida assim, monotônica. Por mais que seja dura ou triste, ou alegre e intensa, vemos tudo o que passam por nossas memórias emotivas, seja de forma atuante ou testemunhal, sobre nossa própria métrica pessoal. Nosso caráter é o nosso parâmetro, nossa régua para medir a realidade que nos cerca. E por mais conhecimento que se possa ter na vida, essa métrica é única, pois as impressões que temos sobre nossas experiências também são únicas.

Viver sozinho ou acompanhado, pode ser irrelevante em um dado momento, mas não deve ser posto como regra. Ninguém é uma ilha e o isolamento é uma terrível armadilha que nos leva a loucura. Temos a volta pessoas, que interagem de formas diferentes, mas sempre com o intuito de efetuar trocas que lhe satisfaçam de alguma forma. Tudo isto forma um equilíbrio dinâmico, pois se adapta às instabilidades de um dado espaço-tempo e sob uma dada circunstância.

Se por um lado ninguém pode ser considerada uma ilha, por outro as pessoas acabam se tornando também reféns de uma vida social. Muitas delas se abdicam de suas próprias opiniões para atender aos anseios de um grupo, para que este indivíduo se identifique e passe a ser parte dele. Porém vê-se claramente que as pessoas dão uma importância muito grande à opinião alheia, fazendo com que esta suplante a opinião própria. Isto é um erro, se a opinião própria é totalmente desprezada em um julgamento pessoal de atos e comportamentos. Do contrário, uma pessoa que se atenta somente a seus conceitos se torta alienada e marginal. Deve-se portanto, estabelecer um equilíbrio de forças entre opinião própria e a influência da opinião alheia nas próprias decisões.

Evidente que surgirão conflitos, mas s prioridade deve ser a sua opinião e seu gosto pessoal, pois sua identidade de caráter deve ser preservada. Se não concordarem contigo, deixe estar. E siga em frente.

Visitando a Estação Pinheiros

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Ontem eu saí da faculdade, na região do metrô Tiradentes e fui a estação Pinheiros do Metrô de São Paulo e pude verificar a diferença frente as outras linhas. Ao embarcar na estação Paulista, o primeiro impacto foram as esteiras rolantes de acesso, porém a velocidade poderia causar acidentes aos incautos passageiros. De resto a aparência das estações é igual as outras inauguradas recentemente. Três detalhes me chamaram a atenção durante a viagem: a ausência de condutor, a livre circulação entre os vagões e o traçado sinuoso do percurso tanto em aclives e declives como em curvas para a esquerda e direita, mas a sinuosidade é suave e a viagem é agradável. O fato negativo é que nem nas estações, sequer nos túneis, há sinal ativo de telefone celular.

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Nota-se que as estações subterrâneas estão em profundidades elevadas, tendo nas estações uma grande quantidade de lances de escadas rolantes. Só a de Pinheiros tem cerca de 5 lances de escadas rolantes da plataforma a superfície. Como a integração com a CPTM ainda não estava pronta, tive que sair da estação e entrar na estação de trem para seguir viagem. Foi uma volta de cerca de 5 minutos caminhando até a plataforma da estação de trem. A previsão é que a integração com o trem esteja pronta em 2 de junho.

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Toda a viagem durou 1 hora e 10 minutos, sendo 20 minutos de trem e 50 minutos de metrô. Mas este tempo poderá ser de 10 a 15 minutos quando as estações Luz e República estiverem prontas. Também é preciso investir no Lead (intervalo entre trens) da linha da CPTM que ainda é muito alto, pois fiquei cerca de 10 minutos esperando o trem chegar.

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Com estas novidades e ajustes, é bem capaz de fazer o mesmo percurso, no futuro, em menos de 25 minutos.

O mérito dos grandes é reconhecer suas fraquezas e também seus superiores pares. Não há razão para tristeza com a derrota, pois tudo o que há de torto existe para ser endireitado. O futebol me inspira muito, e nesta final de paulistão, é muito inspirador reconhecer que a derrota veio por eles serem melhores que nós. Tivemos foco, falhamos, é verdade, mas chegamos e valorizamos a glória santista, que é digna de aplausos, pois está em um esforço heróico de ser o único guerreiro vivo na Taça Libertadores.

Ao ouvir a entrevista de Muricy, técnico vencedor, vimos claramente que o futebol é sim uma ciência exata, e requerem os parâmetros corretos, as circunstâncias dadas favoráveis para distinguir vencedores de vencidos. O fracasso corinthiano na Taça Libertadores e sua derrota no Paulista, o que é um mérito, pois demonstra uma recuperação psicológica extrema de uma derrota traumática contra o Tolima, aliada a derrotas de grandes clubes brasileiros na Copa do Brasil e Libertadores, mostram que é preciso tomar alguma atitude, pois vemos o futebol brasileiro em franco declínio.

Se a gerência de nosso esporte nacional continuar intransigente, capitalista selvagem e estúpida, amargaremos um grande vexame na Copa do Mundo de 2014, não apenas fora das quatro linhas, onde vemos uma grande desorganização na condução das obras para a Copa, como dentro de campo, com um futebol dependente de alguns craques (como vimos em 2006 e 2010 em que a seleção brasileira fracassou), frente a um abismo de jogadores mal-amadurecidos que são vendidos a clubes europeus a preço de banana.

O povo brasileiro já não anseia mais ser exportador de bens primários no futebol, assim como é na economia. Os clubes de futebol têm um potencial midiático enorme, mas somente enxergam nos direitos de televisão e patrocínios os quais pedem esmola, como fontes de renda para os clubes, fora a falha condução administrativa, com estatutos pouco democráticos, leis pouco severas, permitindo corrupção e lavagem de dinheiro.

Você, torcedor brasileiro, também é culpado. Enquanto se conformar em sua zona de conforto e deixar de ser hipócrita rindo da derrota alheia e em vez de ficar protestando contra as falhas de seu time de coração, nunca veremos europeus, americanos, japoneses e africanos ostentarem com orgulho o manto sagrado de seus clubes em seus países de origem. Enquanto ficar ligado na TV, vendo seus amigos sacrificando seu sono para acompanharem no estádio o seu clube do coração, vai ficar tudo do jeito que está, pois os seus gritos não chegam aos atletas em campo. Enquanto você pensar em dar um murro na cara de um amigo seu por causa de futebol, você não será digno de ser um torcedor de seu clube. Não podemos carregar o ódio e sim a vontade de vencer, competindo, pois esta nunca se transforma em ódio e sim em amizade e companheirismo.

Sejamos francos, é hora de reinventarmos o futebol brasileiro.

O mérito dos grandes

O mérito dos grandes é reconhecer suas fraquezas e também seus superiores pares. Não há razão para tristeza com a derrota, pois tudo o que há de torto existe para ser endireitado. O futebol me inspira muito, e nesta final de paulistão, é muito inspirador reconhecer que a derrota veio por eles serem melhores que nós. Tivemos foco, falhamos, é verdade, mas chegamos e valorizamos a glória santista, que é digna de aplausos, pois está em um esforço heroico de ser o único guerreiro brasileiro vivo na Taça Libertadores.

Ao ouvir a entrevista de Muricy, técnico vencedor, vimos claramente que o futebol é sim uma ciência exata, e requerem os parâmetros corretos, as circunstâncias dadas favoráveis para distinguir vencedores de vencidos. O fracasso corintiano na Taça Libertadores e sua derrota no Paulista, o que é um mérito, pois demonstra uma recuperação psicológica extrema de uma derrota traumática contra o Tolima, aliada a derrotas de grandes clubes brasileiros na Copa do Brasil e Libertadores, mostram que é preciso tomar alguma atitude, pois vemos o futebol brasileiro em franco declínio.

Se a gerência de nosso esporte nacional continuar intransigente, capitalista selvagem e estúpida, amargaremos um grande vexame na Copa do Mundo de 2014, não apenas fora das quatro linhas, onde vemos uma grande desorganização na condução das obras para a Copa, como dentro de campo, com um futebol dependente de alguns craques (como vimos em 2006 e 2010 em que a seleção brasileira fracassou), frente a um abismo de jogadores mal-amadurecidos que são vendidos a clubes europeus a preço de banana.

O povo brasileiro já não anseia mais ser exportador de bens primários no futebol, assim como é na economia. Os clubes de futebol têm um potencial midiático enorme, mas somente enxergam nos direitos de televisão e patrocínios os quais pedem esmola, as fontes de renda para os clubes, fora a falha condução administrativa, com estatutos pouco democráticos, leis pouco severas, permitindo a má gestão, endividamento elevado, calote fiscal, corrupção e lavagem de dinheiro.

Você, torcedor brasileiro, também é culpado. Enquanto se conformar em sua zona de conforto e deixar de ser hipócrita rindo da derrota alheia e em vez de ficar protestando contra as falhas de seu time de coração, nunca veremos europeus, americanos, japoneses e africanos ostentarem com orgulho o manto sagrado de seus clubes em seus países de origem. Enquanto ficar ligado na TV, vendo seus amigos sacrificando seu sono para acompanharem no estádio o seu clube do coração, vai ficar tudo do jeito que está, pois os seus gritos não chegam aos atletas em campo. Enquanto você pensar em dar um murro na cara de um amigo seu por causa de futebol, você não será digno de ser um torcedor de seu clube. Não podemos carregar o ódio e sim a vontade de vencer, competindo, pois esta nunca se transforma em ódio e sim em amizade e companheirismo.

Sejamos francos, é hora de reinventarmos o futebol brasileiro.

O apartheid social do Brasil

Ouça este artigo no Gengibre: clique aqui.

Dois fatos ocorridos esta semana no Brasil me motivaram a escrever sobre um assunto que é considerado um tabu entre políticos e toda a sociedade: o apartheid social que ainda existe no país. De um lado vemos uma elite rica, dona do poder e controle político e do outro temos uma grande parcela da população sem acesso aos serviços básicos como educação, saúde e segurança, dependendo das decisões governamentais para usufruir de algum conforto. Os fatos ocorridos no país que inspiraram este artigo foram os protestos contra os protestos dos moradores do bairro de classe média-alta de Higienópolis, na capital paulista contra a construção de uma estação de metrô naquele bairro, aliada à polêmica de livros didáticos distribuídos nas escolas públicas brasileiras com erros graves de ortografia propositais nos livros de língua portuguesa e erros de cálculo nos livros de matemática.

Temos hoje uma educação básica de qualidade ruim, mais pela ausência de recursos do que pelo esforço dos profissionais de educação que heroicamente procuram manter uma educação de nível razoável, nas instituições públicas de ensino, pois amparo financeiro para a educação básica no Brasil resume-se à construção de escolas. A valorização do trabalho do professor e mecanismos que tornem o trabalho do professor melhor e mais digno são relegados a segundo plano, a não ser por cumprimento de metas quantitativas que não traduzem a qualidade do ensino ministrado nas escolas. E para piorar, não procuram oferecer qualidade ao material didático, seja pela obsolescência do material ou pela falta de controle de qualidade. Assim, vemos uma precarização da educação básica em nosso país e isto já traz reflexos na educação superior, pois já sentimos uma carência de mão de obra qualificada.

Já o caso da queda de braço entre o governo e os moradores de Higienópolis vemos claramente o conflituoso embate entre interesse público e interesse de classe social. Não pela atitude dos moradores em não querer a estação, mas pelos motivos os quais esses moradores tem em se opor à construção de uma estação de metrô no bairro. Entre as razões informadas pelos moradores, a principal queixa é que o local traria criminosos para a região. Uma justificativa descabida e apenas destinada a isola-los do restante da população, com ar de superioridade. O governo do estado cedeu e a estação será construída em outro local, o que provocou uma grande polêmica entre os moradores e os populares de outros pontos da cidade. Foi organizado inclusive um “churrascão da gente diferenciada”, um protesto organizado pela internet contra a mudança do local da estação. O protesto serviu para abrir os olhos de muita gente que julgava que a luta de classes já havia sido extinto.

Infelizmente vemos que há uma distância abismal entre ricos e pobres, os primeiros julgando ter o poder herdado dos tempos do início da era republicana e os segundos pelo descaso e falta de igualdade de oportunidades para obter de forma lícita a ascensão social. O estado pode equalizar e extinguir a luta de classes tratando a todos os cidadãos, não importando a classe social como iguais e oferecendo todo o aparato estatal para equalizar este abismo existente entre ricos e pobres, tornando a sociedade mais próspera e socialmente justa.

A dor de saber que é uma simples peça (com defeito)

Fiquei sabendo que sou uma peça de uma engrenagem selvagem e cruel. E estou gasta, defeituosa, não sirvo mais para os propósitos de um sistema que insiste em ser mecânico, triturador de almas, esmagador de corações. Vejo incrédulo todas as minhas verdades sendo rasgadas e jogadas ao vento, sob o retumbante sorriso de satisfação de quem me faz escárnio. Talvez se fosse Cristo, sentindo os golpes dos pregos prendendo pés e mãos contra a cruz, não sentiria a mais amarga das dores, o mais pungente dos suplícios. Pois a dor que sinto não mata o corpo, e sim, a alma. Sou um corpo desalmado encaixado em um sistema mecânico e feroz, destrutivo, maquiavélico.

Não se importam com minhas necessidades, sentimentos, defeitos. Me encaixotam em uma função e me dizem o que fazer, e tudo o que digo é indiferente para eles, são surdos para minhas opiniões. Há algum tempo vi a engrenagem e hoje me vejo dentro dela, castigado por ser uma peça imperfeita. Dói demais ver outras peças se desgastando, se corroendo até caírem e ser trocadas por peças novas, como se as primeiras fossem descartáveis. Mas as peças velhas que são mais tortas que as próprias engrenagens continuam na máquina, ordenando as peças novas a executar sob desgaste as funções que são incapazes de desempenhar. Temos que nos adaptar a rotinas que destroem nossas personalidades reduzindo-nos a clones de humanoides, sem expressão, sem opinião, sem pensamento. E ao ver isto me desespero, com um sorriso de pânico, clamando a todos as peças a se voltar contra as velhas e defeituosas peças que os oprimem, para que se reordenem e passem a funcionar harmoniosamente como um coração apaixonado. E enfim, estas peças voltariam a se tornar pessoas, e minha missão se faz cumprir: tornar o mundo mais humano e mais justo, com amor, lealdade, respeito, verdade e sentimento.

Ao perceber que meu sonho era impossível, chorei em silêncio, com a resignação dos bravos, mas com o lamento dos derrotados. Busquei um refúgio para o meu pranto, pois uma fortaleza não pode tombar diante da batalha, e mesmo vencida e tomada pelos ímpios, precisa ficar de pé, como monumento de uma outrora grandeza.

E da dor do momento, dos sonhos de outrora e da incerteza do futuro, fico com vontade de tornar o impossível, possível; de armar-me de ideias, munir-se de certezas e defender com palavras meus ideais, para que mostrem a que vim: mostrar que mentes precisam pensar, corpos precisam agir, corações precisam pulsar apaixonadas por uma vida que valha a pena.

E um dia, eu possa lembrar de hoje e dizer: as lágrimas de meu rosto tombaram uma alma antiga, mas surgiu uma outra nova e audaciosa, que fez cada gota de pranto ter valido a dor de outrora, mostrando como a vida é valiosa.