O conto do cartão de crédito

Os bancos descobriram uma forma absolutamente rentável de engordar ainda mais seus lucros: o cartão de crédito.

A última de alguns bancos é simplesmente bloquear transações em reais de transações no exterior, como o iTunes, Facebook, Google Play, Xbox, Windows Phone, etc. E se a razão que eles alegam é a segurança, engana-se, amigo incauto. A forma de cobrança de transações em moeda estrangeira obedece a um ritual, que em transações em real não ocorre.

Quando você compra em dólar, é calculada a cotação três vezes: quando autoriza a compra (no dia que você faz a transação), quando fecha a fatura, e quando você paga a fatura. Quando a fatura fecha, é cobrada a variação do câmbio entre o dia da compra e o fechamento, e quando você paga, é cobrada uma nova variação com o valor do câmbio no dia em que você pagou a fatura, sempre com cobrança na fatura seguinte. Com o câmbio flutuante e a atual conjuntura econômica, a tendência é de valorização do dólar e assim, sempre haverá um valor a pagar. A loja já recebeu o dinheiro da compra, mas o banco continua cobrando, daí o lucro.

Entre outras estratégias dos bancos sobre o cartão, está a de supervalorizar o limite do cliente, com valores de limites valendo o dobro, ou o triplo de sua renda. Com o descontrole financeiro, o cliente acaba entrando no crédito rotativo com taxas de agiotagem: entre 8 e 16% ao mês! E assim a dívida do cartão vira uma bola de neve a ponto de se tornar impagável.

Tem algumas sacanagens de alguns bancos também. O Itaú, por exemplo, cobra os juros do rotativo a partir da data da compra em seu Itaucard 2.0. O Santander faz reanálise de crédito do cartão sem consultar o cliente e cobra uma taxa absurda. O Banco do Brasil cortou programas de isenção de anuidade atreladas ao uso de produtos e serviços há cerca de 3 anos, e mudou o cálculo do pagamento mínimo, fazendo com que pagamentos de títulos, parcelas de faturas, e compras parceladas com juros do banco sejam integralmente incluídas no pagamento mínimo.

O cartão de crédito é a punhalada traiçoeira dos bancos contra seus clientes. Fiquem espertos, controlem os gastos do cartão e prefiram pagar a fatura cheia.

Generalizar: inoportuno mal

Recebi comunicados do Facebook e da Microsoft os quais diziam que os bancos brasileiros não estão mais permitindo transações em reais, pois estas empresas são sediadas no exterior. O que se viu foram reclamações de clientes de cartões de crédito, quanto a transações em reais, com cobrança de impostos de transações feitas no exterior. É parte da cultura do Brasil generalizar para resolver as coisas, porém sabemos que este tipo de “solução” mais atrapalha do que ajuda, e pior, além de escancarar um tolo preconceito, tais atos e opiniões expõe tamanha mediocridade que precisa ser extirpada de nossa cultura comportamental.

Ontem, ao ler os comentários sobre a continuidade da greve dos bancários, li muitas mensagens do tipo “bando de vagabundos”, “se não está satisfeito, procura outro emprego”, “estão reclamando de barriga cheia”, etc. Este é um outro exemplo de generalização tola, e demonstra um total desrespeito e desconhecimento a uma categoria profissional. Estes comentários geralmente vem de pessoas que somente conhecem o banco pelo lado de fora, não entendendo, portanto, o motivo pelo qual os trabalhadores cruzaram os braços. Às vezes soa como inveja comentários assim, lembrando assim a fábula da raposa e as uvas, onde fala-se mal daquilo que almeja sem sucesso.

Vejo generalizações em quase tudo: todo político e juiz de futebol é desonesto, todo líder religioso é pessoa de bem, todo negro é malandro, todo pobre é bandido, toda mulher é frágil, assim como toda mulher que se veste de forma ousada é vulgar ou vadia, todo homem gay é efeminado e não é capaz de desempenhar qualquer atividade tipicamente masculina, a mulher lésbica é masculinizada e também incapaz de desempenhar atividades masculinas (acredite, muitos homens pensam assim), que todo petista é mensaleiro, que todo sindicalista é vendido, e por aí vai. Se você considera, assim como eu, todas essas afirmações que citei como absurdas (mas absurdas mesmo, em qualquer ocasião e individualmente), meus parabéns! É um bom começo de ter um certo discernimento das coisas, e uma postura mais crítica e inteligente sobre os fatos e as pessoas.
Generalizar é pensar e agir de forma preguiçosa e tola. É muito diferente de igualdade a generalização, pois a primeira entende as particularidades de forma inclusiva e a segunda não, colocando todas as situações como regras, sem exceções. Com base no preconceito e na generalização, é simples o julgamento, e quase certo o veredicto errado. Somente com o conhecimento e a abolição dos preconceitos que nos rodeiam, que poderemos dar o tratamento correto aos fatos, e diante desse tratamento, tomar as atitudes corretas e justas a cada caso.

No caso dos cartões, o cliente poderá ter um enorme prejuízo com as transações devido à variação cambial, já que essas transações serão faturadas em reais. Seria mais prudente, em vez disso, criar mecanismos que permitam ao cliente ser notificado que a transação em questão, mesmo cobrada em reais, seria internacional, mas preferiram generalizar.

Reitero a tolice que existe em generalizar, sempre quem sofre é o objeto de tal generalização.

Sem Titulo 21/4/2010-17:1

Incorporações de Bancos: O que acontece?

Olá, caro leitor. Este é meu primeiro artigo sobre finanças e espero que venha trazer informações valiosas a todos. Inaugurando esta categoria de artigos, venho falar de incorporações de bancos, algo que vem ocorrendo com muita frequência nos últimos 10 anos e que muitas vezes deixam os clientes preocupados. Por isso vou tentar explicar como esse processo ocorre internamente, e assim, não restem dúvidas, tranquilizando-nos. E como sei como funciona isso? Eu sou bancário, trabalhei em terceirizada de banco e hoje vivo essa experiência como cliente tanto do lado do banco incorporado, como do lado do banco que vai incorporar.
A primeira coisa que acontece quando se efetiva uma incorporação é um processo interno. Serão feitos levantamentos de carteiras de clientes, funcionários, sistemas, bancos, para negociar qual sistema, quais organismos, quais métodos de negócio, números de agência e conta, deverão ser mantidos. As bases de dados (cadastros) são compartilhadas e os sistemas dos bancos, começam a ser integrados.
Em seguida, ambos os bancos vão negociar quais serviços que serão migrados de um banco para outro. Assim, produtos e serviços de ambos os bancos seriam migrados da seguinte forma: o melhor ou mais rentável, permaneceria e o equivalente inferior do outro banco, seria incorporado ao outro serviço. Produtos e serviços seriam aos poucos unificados, começando pelos que oferecem menor impacto ao cliente, como investimentos, produtos para alta renda, linhas de crédito. Mas isto não significa que o cliente que possui um determinado serviço seja forçado a mudar, para quem tem, nada muda. O que pode ocorrer a princípio, é que um determinado produto ou serviço não aceite mais adesões. Depois outros produtos e serviços seriam unificados como por exemplo, cartão de crédito. Hoje, a maioria dos clientes Nossa Caixa, por exemplo, tem cartões de crédito Ourocard (do Banco do Brasil), assim como o Santander tem oferecido aos clientes do Banco Real, seus cartões de crédito. Neste mesmo período começariam as integrações das agências, fazendo com que clientes de um banco possam fazer operações financeiras em terminais e caixas de outro. Nesta fase, também há a unificação estatutária e também organizacional: empresas coligadas equivalentes são unificadas e os funcionários de ambos os bancos passam a ser regidos pelas mesmas normas e regras.
A última e mais complexa etapa é a da migração das agência e contas dos clientes para uma base de dados comum. Sempre o banco menor ou o incorporado, vai ter de passar pela mudança dos números de agência e conta, o que pode parecer traumático para os clientes, pois eles deverão se readaptar. Geralmente essa mudança é gradual, exceto na incorporação do Sudameris pelo Banco Real em 2007, em que todas as agências mudaram de número, de um dia para o outro, o que seria um impacto grande, se o Sudameris não fosse um banco pequeno e o sistema dos dois bancos não estivessem unificados desde um ano antes.
Essa adaptação é global: passa pelas organizações, pelas agências, funcionários, e por fim, os clientes. Essa mudança também passa pelo padrão de atendimento, que varia de banco para banco, pois cada um tem sua política de atendimento própria, o que pode ser um choque para alguns, mas um alívio para outros. De fato, mudanças grandes acontecerão, procurando claro, promover benefícios para todos. Mas trata-se de um processo, que leva tempo, e é preciso um pouco de compreensão e paciência, para conferir se houve êxito.
Este ano veremos se concretizar o processo de três grandes incorporações: a do Unibanco pelo Itaú, a do Banco Real pelo Santander, e a da Nossa Caixa pelo Banco do Brasil. São bancos que buscam a liderança no mercado brasileiro, mas que farão sucumbir marcas consolidadas (Unibanco e Banco Real até o final do ano, Nossa Caixa, até julho). Quem é cliente dos bancos incorporados está notando que está mudando o seu relacionamento com o banco e ainda mais quando este processo terminar. Mas lembrem-se que manter os clientes é considerado numa incorporação e isto pressupõe que após sua conclusão, teremos uma melhor relação com o banco. Portanto sejamos otimistas.