O juramento de Hipócrates

Recentemente, no Rio de Janeiro, e neste último final de semana, em São Paulo, ocorreram dois casos de negligência médica que me deixaram estupefato e indignado, com tamanha falta de consideração com o ser humano. Pessoas agonizaram na porta de hospitais sem atendimento, por estes hospitais serem particulares, e se negarem a atender pois estas pessoas não tinham convênio médico.

Sempre me preocupei com estes casos, que escancaram uma cultura materialista e destrutiva, no tocante da vida profissional das pessoas. Não vejo jovens escolhendo uma profissão que esteja mais alinhada à sua personalidade, e sim, às perspectivas financeiras. E os casos de negligência médica contrapõem os interesses de alguns médicos, com o Juramento de Hipócrates, que o fazem quando se formam.

O Juramento de Hipócrates, prega a caridade e a honestidade na prática da medicina, ou seja, deve-se atender a todos que necessitem de atendimento, tendo recursos financeiros ou não.

Ao negar atendimento, além de escancarar uma postura institucional mercenária, seus profissionais descumprem ao juramento de Hipócrates.

Além disso, quem se disporia a buscar atendimento em um hospital que se importa apenas em ganhar dinheiro de seus pacientes? O efeito na imagem destes hospitais é avassalador.

Voltando a questão da carreira, temos que aprender que o dinheiro não é o objetivo, e sim a consequência de um bom trabalho.

Devemos todos nós rever a forma como encaramos o nosso ofício. Em vez de sermos parasitas dele, devemos colocar a serviço da humanidade.

10 minutos

A história é escrita pelos vencedores, não pelos vencidos, costuma-se dizer. Não seria possível então relatar o que foi a acachapante vitória alemã sobre o Brasil nesta Copa do Mundo.

Foram 10 minutos, que se estivessem sido excluídos do jogo trariam uma sensação de dor menos pungida do que representou aquele 7 a 1 para nós.

Mas ao contrário das arrebatadoras vitórias de Anderson Silva no UFC, o futebol não tem nocaute, e os golpes desferidos pelo time alemão entre os 20 e 30 minutos do fatídico primeiro tempo em que um placar de 1 a 0 virou 5 a 0, certamente teria abreviado e muito o sofrimento do torcedor brasileiro, se o tivesse.

O escrete canarinho nunca havia passado em 100 anos de história por tal queda, sequer em amistosos. Mas os vitoriosos frutos são colhidos em terras onde na derrota se plantaram as sementes do ensinamento.

Quase impossível aprender sem dor. E o legado que teremos é que não há mérito sem esforço. Não há merecimento sem sofrimento. Não há resultado sem humildade, esforço, trabalho duro, persistência e paciência.

E o time alemão tem tudo isso, tem mérito. E aprendeu com as derrotas: 2002, 2006, 2010, para enfim, ter a chance de colher o fruto que somente Brasil e Espanha alcançaram, o de ser campeão de uma copa do mundo fora de se seu continente.

10 minutos: tempo suficiente para mudar uma história de copa do mundo, de emudecer vozes, despertar olhares incrédulos, rolar lágrimas. Mas este é o ponto de vista dos vencidos, não dos vencedores. Isto não vira história, ou não?

Querido papai do céu

Querido Papai do Céu,

Minha mãe me ensinou desde pequeno a rezar antes de dormir para pedir em prece boa noite e dias mais felizes.

Sei que há muito tempo não faço isso, mas aprendi que a bondade que se oferece ao próximo sempre retorna de forma dobrada, sob a forma de bênçãos. E eu sei que toda vez que pratico o bem, a gentileza, o otimismo e a esperança estou rogando seu nome, não em palavras rezadas, mas em ações praticadas.

Amanhã é o dia de abençoar um grupo ao qual torcemos muito por eles. Sob eles, paira o descrédito, paira a torcida contra, inclusive com gritos de já ganhou, além do fato de que muito se conspira contra, quando se está em casa.

Lanço minhas esperanças aos futebolistas brasileiros, que com fé, suor, sacrifício e lágrimas chegaram até aqui nesta Copa. Não seria muito justo, um povo tão festivo chorar amanhã. Peço a ti, Papai do Céu, que os proteja, os abençoe e que os motive para vencer este grande desafio.

Pois sei que desejando o bem a eles, eles trarão a mim, e também sei que nesta prece, não estarei sozinho. Muitos de nós também rogam teu nome pedindo bênçãos a eles.

O senhor é justo e misericordioso. Fazei-os triunfar, e terás um povo feliz.

Amém.

Prova dos noves

Considero sempre o evento da Copa do Mundo como uma espécie de “prova dos noves” de otimistas e pessimistas. Ao zapear na web notícias sobre o Jogo entre Brasil e Colômbia, pelas quartas de final leio comentários deste tipo:

Da Colômbia não passa. O Brasil está muito ruim!

O Brasil não vai vencer 🏆 esta copa.

Na sexta o Brasil sai da Copa!

Em contraste com outros comentários do tipo:

O Brasil vai ser campeão! O pior já passou!

A Colômbia é mais fácil que o Chile! Vamos avançar!

Vamos vencer mais uma! Vamos ser hexa!

Esse contraste é interessante. Ao ver um copo com água até a metade, podemos dizer que este copo está meio cheio, ou meio vazio. Nossas experiências, nosso aprendizado, nosso modo de ver e entender o mundo influenciam o nosso nível de otimismo.

Há dois lados nos extremos do otimismo. Otimismo demais leva as pessoas à ilusão, descolamento da realidade e a desilusão, quando a realidade imaginada diverge da realidade real. Pessimismo demais também nos leva a ilusão e descolamento da realidade, mas o pessimismo tem uma tendência de inação e fatalismo. Assim o pessimismo nos amedronta e nos paralisa, enquanto o otimismo nos propõe ação, nos inspira.

O realismo é uma leitura neutra, que se vale de um conjunto de evidências reais para pender ao otimismo ou pessimismo. É o fiel da balança.

O ser humano tem uma fixação pelo futuro, pelo incerto, pelo desconhecido. Especular o que há por vir ainda desperta em nós interesse e curiosidade. Religiões, astrologia, misticismo, ciências, probabilidades e achismos sempre procuraram tentar suprir a lacuna eterna da humanidade em conhecer o incerto.

Por isso não existe verdade mais absoluta que possa confirmar a incerteza e a inquietude que temos diante dela.

O que tem de ser, será.

Cadê o cartão, professor?

Era o dia 12 de junho de 2014. A copa do mundo, enfim, se iniciava. Eu estava na Arena Corinthians, atuando como voluntário da Copa do Mundo, aguardando o retorno de um coordenador de Tecnologia, área que escolhi para voluntariar. Eram 16:50. Estava na zona mista, uma área do estádio que permite que os jornalistas entrevistem os atletas. Atletas perfilados, hinos em execução. Pude ouvir o hino brasileiro cantado pela torcida à capela, prova que a FIFA deveria abolir essa história de hino de 90 segundos. Mas o que se ouviu depois foi estarrecedor. Em coro ouviu-se a maior demonstração de desrespeito que um povo poderia fazer ao seu próprio representante. Mandaram a presidenta tomar naquele lugar.

Depois do trabalho, pude circular pelas áreas das torcidas. Não vi criança de pé no chão, não vi senhora de olhar sofrido, não vi senhor de mão calejada. Copa do mundo é um evento elitista, isto é fato. Mas o que tentou-se fazer aqui no Brasil, foi sim, um ato de bastante coragem. Imagine, você, senhor e senhora, empresário, profissional liberal, classe média, que pagou de 600 a 2000 reais para ver uma abertura de Copa do Mundo, ser “obrigado” a deixar a comodidade de usar o carro, para ir de trem ou metrô, para ir a um longínquo lugar da cidade de São Paulo, onde só tem gente pobre e miserável (reitero que essa é a opinião dessa gente, não a minha).

Perguntaria a estas pessoas porque xingaram a Dilma, mas não tive coragem. A pergunta é o mais eficaz instrumento de reflexão, não para quem pergunta, mas para quem responde. E imagino que uma reflexão provoca reações indesejáveis em pessoas ignorantes e sem consciência do que fazem, pois podem-nas levar a uma verdade intrigante, e auto-ofensiva, corrosiva ao próprio ego.

Foi uma grande demonstração de analfabetismo político, até porque estão usufruindo de um evento provido pelo atual governo que o insultaram. Depois nada adianta culpar a presidente se colocam no congresso canalhas e sanguessugas, que parasitam o estado com corrupção em troca de promessas de governabilidade. Terceiro que no próprio estado de São Paulo temos um exemplo grave de corrupção e cartel para o metrô e CPTM. De onde vem o rio de dinheiro que financia as campanhas bem-feitas do PSDB? Só da elite quatrocentona que o apoia não é suficiente.

Mas voltemos ao nível de educação das pessoas presentes. Eu já escrevi a respeito do modelo educacional aplicado no Brasil. É um choque de realidade pessoas que foram disciplinadas, em vez de educadas, ver um estádio de futebol sem grades, sem fossos, apenas com a proteção por Stewards, com banheiros fartos, sala vip, cadeiras numeradas em todo canto, visão plena do campo em qualquer lugar do estádio, estádio moderno. Não tinha o que reclamar, em relação ao que já tinha. Sobrou para a Dilma.

Se as pessoas que xingaram a presidenta, fossem só um pouco mais inteligentes, não conseguiriam xingar ninguém, pois apesar da culpa que a Dilma carrega, por ser a suprema mandatária da nação, ela não carrega essa responsabilidade sozinha. E a lista de pessoas responsáveis seria tão extensa, que uma copa e uma olimpíada, quiçá um século, não bastariam para xingar todo mundo que nos colocou nesta situação.

Em suma, xingar foi um ato tolo, e será hipócrita, se o povo que xingou Dilma, votar em outubro com a mesma inconsequência que teve ao xingar a presidenta. Cadê o cartão pra essa gente?

Internet: Um porto seguro

Hoje, o senado federal aprovou o marco civil da internet, e entrará em vigor após sanção presidencial. Esta lei provocou muita discussão e polêmica, pois havia interesses de muitos setores da sociedade e da mídia neste marco regulatório.

De fato, o controle de um meio de comunicação tão plural e livre como a internet (ainda que não plenamente democrático no Brasil), nos leva a uma reflexão bastante ampla sobre o papel da mídia em nossa sociedade. Neste artigo quero destacar dois pontos que são chave de uma disputa de interesses: a neutralidade da rede e os direitos autorais na rede.

A neutralidade da rede é um tema que encontra bastante oposição por parte das operadoras de telefonia e provedores de serviços de internet. Há alguns especialistas como Ethevaldo Siqueira, que defendem que algumas aplicações como a tele-medicina tenham prioridade de tráfego. Mas, infelizmente, é sabido de todos que o intuito de estabelecer prioridades no tráfego por parte dos provedores de acesso à internet é meramente financeiro. Quem paga mais, tem maior prioridade de acesso à rede. Um exemplo é a estrutura de internet via cabo. Pergunta-se o porquê de haver diferentes velocidades (e preços), se a estrutura física de uma rede internet via cabo é a mesma, inclusive compartilhada com outros serviços como TV e telefonia. Por isso a neutralidade da rede se faz necessária, para trazer dois efeitos: inibir as operadoras a sucatear serviços de planos de acesso mais baratos e forçar os usuários a migrarem para planos mais caros, e exigir dessas operadoras, por não poder priorizar tráfego de dados, a trabalhar de forma séria na acessibilidade e qualidade dos serviços prestados.

A questão do direito autoral na rede é um embate entre o velho modelo de mídia e um rompimento de paradigma que este velho modelo representa. Desde o início do século XX, quando boa parte da produção cultural se profissionalizou, pelo advento dos meios de comunicação de massa e mídias, como a fotografia, o rádio, o cinema, o fonógrafo, e seus sucessores, vê-se a produção cultural como um produto com valor agregado. Este produto tem um valor tangível, que é a mídia na qual este produto é veiculado, e outro intangível, porém valorado, que é o direito de uso e reprodução. As empresas de mídia, imprensa, empresas de telecomunicação, produtoras de cinema e gravadoras, viram como bastante rentável a monetização plena da produção cultural. Porém, a cultura é uma manifestação social, e ao tratá-la como um produto, seu sentido muitas vezes se perde. Cria-se filtros, ditam-se tendências, e assim, viu-se a mídia como uma importante ferramenta de controle da sociedade por meio da opinião, da monopolização do comportamento e senso comum.

A internet é um meio de comunicação que não precisa de formalismos para se estabelecer a comunicação. Não precisa de alvará de funcionamento como jornais e editoras, não requer concessão pública como as TV’s e rádios. É própria do ideal de Glauber Rocha: “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, expressão essa que pode ser modernizada, como “um dispositivo na mão, capaz de espalhar ideias guardadas em nossas cabeças para um mundo conectado”. E esse modelo livre é uma ameaça ao modelo antigo do “produto cultural”, pois é uma concorrência forte e sem controle, sem liderança, sem acumulo de riqueza, de capital.

Claro que, a pretexto de defesa de direitos de execução e difusão, estas empresas de mídia querem restringir o acesso à informação. Um exemplo é a concessão de direitos de transmissão e cobertura jornalística de eventos de interesse público, como a Copa do Mundo, Olimpíadas, Shows, e até eventos políticos. Uma visão padronizada muitas vezes é formada por filtros que buscam omitir detalhes que possam comprometer a imagem desses eventos, por exemplo. Portanto, esse valor intangível da produção cultural e humana é a criação de um produto que não deveria existir, um golpe contra a livre manifestação artística e cultural em benefício de conglomerados de mídia. Os artistas ganham migalhas de direitos autorais. São as empresas que retém a maioria dos recursos de copyright arrecadados.

Este modelo está sucumbindo, mas estes conglomerados tentam a todo custo manter-se incólumes, com o uso de lobby político. Porém observa-se que existe um movimento de contraposição a este velho modelo. Com adventos tecnológicos cada vez mais acessíveis, é possível produzir cultura de qualidade a baixo custo, e a internet é o grande motor da difusão cultural. Inclusive há casos de sucesso em que a internet se tornou um meio de propagação para as mídias tradicionais. O filme “Tropa de Elite” é um exemplo. Uma versão inacabada vazou na rede, e o filme se tornou um sucesso de público, inclusive fazendo com que sua sequência se tornasse o filme de maior bilheteria da história do Brasil. Diversos novos artistas surgiram na rede. A internet tornou-se uma possibilidade de oportunidades iguais a todos. É um campo neutro em que todos jogam em igualdade de condições. Novas formas de financiamento como o Croudfounding, e novas formas de monetização sem custos elevados e sem intermediadores, mudaram o modelo de atuação e manutenção de um novo modelo cultural, independente e promissor. Este modelo descentralizado é temerário para os grandes conglomerados de mídia, pois reduzem o poder de influência que até então acreditavam possuir. E o uso do direito autoral é a arma que estas organizações tem para limitar a manifestação artística, pois muitas destas definições de direitos são baseadas em critérios subjetivos e muitas vezes vagos, apresentadas de forma astutamente jurídica, para que em caso de dissídio, sejam sempre de julgamento favorável a tais instituições.

Garantir que a internet continue sendo um campo livre, porém com normas que garantam o respeito a todos sem nenhum efeito danoso é fundamental para um marco civil perfeito. Mesmo com o projeto pronto e aprovado, a própria natureza dinâmica da internet nos impõe um debate permanente e que deve impor atualizações a este marco civil. Esta conexão não deve cair.

Rompendo a barreira do espaço e do tempo

Eu assisti a um vídeo-clipe na internet, que me impressionou por um detalhe mais que formidável: mesmo este clipe sido produzido em 2013, a aparência é que este clipe foi filmado no fim dos anos 70, começo dos anos 80. O clipe a que me refiro é a da música de Bruno Mars, entitulada Treasure.

O trabalho tão bem feito e detalhado da produção do vídeo para que se parecesse antigo: cenários, formato de tela, efeitos visuais (Chroma key e imagens geradas por computador), captura em Video-tape, figurinos. De fato, uma forma de romper com o espaço e o tempo, de modo a fazer crer que Bruno Mars, numa viagem temporal, saltou de 2014 para 1980, ou o contrário.

Romper a barreira do espaço e do tempo não é um privilégio apenas da arte. As ciências humanas e exatas fazem-se uso de baixas tecnologias, ou de antigos métodos para atingir seus objetivos. Tanto para o bem, como, infelizmente, para o mal.

Um exemplo interessante de uso de baixas tecnologias foi a primavera árabe. Foi proibido o acesso a internet para que o movimento se desarticulasse, porém os jovens árabes passaram a se comunicar via SMS, o torpedo.

Um mal que vemos no rompimento da barreira do espaço e do tempo, são os teóricos fundamentalistas conservadores. Coloco nesse balaio, alguns exagerados de esquerda e direita, religiosos, e outros, que acreditam tolamente em suas teorias, estáticas por seus paradigmas, e que acreditam que a sociedade precisa voltar no tempo para seguir seu rumo.

Um exemplo desse rompimento do tempo para o mal, é a sequência de notícias de pessoas, organizadas ou não, para fazer justiça com as próprias mãos. Essa prática data dos tempos antigos, pré-cristãos, e mostra claramente que se essa prática ainda é cogitada, é porque não ensinamos nosso povo suficientemente a prática consolidada da cidadania. Ser cidadão não é fazer o papel do Estado, e sim, acioná-lo, quando preciso.

Podemos reviver boas práticas, que talvez nunca tivéssemos tido, como a convivência familiar, o respeito ao próximo, a defesa de nossos interesses cidadãos, a participação política, o interesse permanente no auto-desenvolvimento pessoal, e por fim, a busca da felicidade. São rompendo essas barreiras que fazemos como o artista: revivemos o bom do passado, para construirmos um bom futuro.

O momento propício

Este é o momento propício para o gigante acordar de novo.

Todos os governantes de estados e da união estão apreensivos, afinal, este é um ano eleitoral. Também é um ano curto, com carnaval em março e um mês de Copa do Mundo em junho, o que irá parar o Brasil inteiro.

Saiba que os impostos aumentaram. Em diversas cidades o reajuste do IPTU foi muito acima da inflação. Também os juros aumentaram por conta do aumento da taxa Selic. Também houve reajuste de tarifas de ônibus, além do aumento da gasolina em Dezembro.

Bolsonaro, o maior fascista do país, quer ser, pasmem, presidente da comissão de Direitos Humanos. Seria como dar a chave do galinheiro à uma raposa muito astuta.

A molecada da periferia quer fazer o rolezinho, mas os olhos tortos de uma sociedade elitista de shopping não deixa. Acha que é um bando de baderneiros que querem fazer arrastão, vê se pode?

Pois é, amigos, o exemplo vem de baixo, ou melhor, do Sul. O Uruguai aprovou o Casamento Gay, legalizou a Maconha e vive em paz, e enquanto isso, pastor deputado e ex-gay (vê se pode) quer processar a Rede Globo, pois mostrou dois homens se beijando, na novela. Mas mulher pelada no carnaval, MMA, Rachel Sherazade, Cidade Alerta e Brasil Urgente pode passar na TV numa boa, né?

Pode propaganda subliminar? No mundo inteiro não pode, mas no Brasil pode, acredita? O CONAR é uma propaganda enganosa. O SBT tem o comercial mais rápido do mundo, em uma inserção de frações de segundo para anunciar os frasquinhos de perfume Jequiti. Ninguém faz nada.

E o nosso metrô paulista? Lotado, enguiçado, e o nosso governador Adolfo Alckmin fala que está tudo bem e que a última pane foi vandalismo. Duvido que esse calhorda se atreva a pegar o metrô as seis e meia da manhã para ver como o metrô está bem LOTADO! São Paulo é um estado que tem o Lucas Silva e Silva governando, um cara no mundo da lua!

E por falar em copa, padrão FIFA só nos estádios, né? Um pouco de bom-senso falta não apenas ao futebol (Paulo André que o diga), mas ao país inteiro. Arrumaram a sala de visitas, mas o resto da casa continua igual: imunda e bagunçada.

E aí torcida brasileira? Vai continuar deixando ser representados pelos bandidos de Oruro, pela Homofobia verde, pela batalha campal nas arquibancadas, pelas brigas de torcidas combinadas, pela invasão do CT? Chega de permitir que idiotas acabem com a diversão que todas as tardes de domingo nos levou a sermos os melhores do mundo. Os “Hoologans Falsificados” precisam ser confiscados pela justiça e ser impedidos de entrar em um local que não se destina a ser uma praça de guerra, e sim, um local a contemplar o futebol-arte.

Olhou o seu salário, e o preço da comida? Já foi humilhado pelo seu chefe, pelo seu professor? Já foi assaltado? Já teve noite em que não conseguiu dormir por causa de barulho na rua? Está de saco cheio das idiotices que passam na TV? Cansado das injustiças e aborrecimentos que o rodeiam?

Não faça justiça com as próprias mãos, como a Rachel Sherazade. Faça como a Staroup: Proteste!!!

E não se esqueça de votar direito. Não faça na urna o que você faz no banheiro.

Reflexões (indagativas)

Por que será que para que uns poucos triunfem precisa haver tantos aniquilados?

Por que precisa fazer outrém sofrer, para sorrir?

Por quê precisa ter tantos prejudicados para que exista poucos beneficiados?

Por que nos incomoda a diferença, o triunfo alheio, aquilo que, mesmo tendo de sobra, não gostamos de ver nos outros?

Por que queremos esconder nossas fraquezas, e inventar virtudes que em nós não existem?

Por que precisamos ser padronizadamente perfeitos?

Por que nossas diferenças são consideradas defeituosas?

Por que somos proibidos de chorar?

Por que somos proibidos de falar o que pensamos, e por que nossas opiniões nunca são ouvidas com complacência?

Por que vivemos com medo?

Por que mais vale ter do que ser?

Por que faltar com caráter é uma alternativa a ser considerada?

Por que poder é uma obsessão?

Por que entender nossas crenças por leis estáticas e imutáveis?

Por que se defender com ódio e preconceito?

Por que tratar ideologia como briga de torcida, torcida como batalha mortal, e batalha como algo banal?

Por que meu sexo, minha mentalidade, minha opinião, meu gosto, minha atitude e minha ideologia precisam estar presas a paradigmas para serem aceitos?

Por que estou sempre errado?

Por que estou escrevendo isso?

POR QUÊ?

Acorrentado

Pensei que fosse mentira a história do adolescente preso a um poste por uma corrente no Rio de Janeiro. Realmente é inverossímil após conhecer a história inteira e saber que sim, um menor de idade foi agredido, despido e acorrentado a um poste de luz no Flamengo.
Mais incrível é imaginar o que passa na cabeça de cerca de trinta jovens fortes, em motos, para agredir gratuitamente menores de rua.
Difícil mesmo é crer que haja gente que dê razão para esses jovens agredirem menores e acorrentá-los, mesmo que indiretamente por meio das fascistas falas dos apresentadores de telejornais de porta de cadeia.
Me deixa incrédulo saber que os autores dessa atrocidade são brasileiros, que são tidos como pessoas alegres, hospitaleiras e pacíficas.

Olho ao redor, penso, e caio na real. É incrível, absurdo, mas é verdade, o vazio que nos rodeia, a ponto de achar banal.

Agora sinto o pouco da dor que esse menino sentiu. Agora percebo que a cada golpe por ele sofrido, aumenta o desencanto e com ele a necessidade de mudarmos de postura. Temos que acabar com esse mal chamado indiferença. Temos que deixar de achar o mal normal.

E para isso, o medo não deve prevalecer.

Um “rolê” de verdade

Em meio às polêmicas envolvendo os rolezinhos, quero levar à reflexão, como sempre fiz neste blog, sobre a juventude brasileira, e sobre a realidade que nos cercamos.

Eu tenho 32 anos, e o que mais me impressionava na minha infância era a qualidade dos anúncios da propaganda brasileira: comerciais bem acabados, anúncios com belas imagens e textos irresistíveis, jingles que não saíam de nossas cabeças. Mas vivíamos em um momento de crise nos anos 80. A inflação era galopante, empresas quebravam e demitiam em massa, a miséria era visível em todos os lados, o salário era super-baixo, não tínhamos acesso ao consumo, e nós consumíamos na maioria das vezes somente as imagens dos comerciais, e quando comprávamos um produto que era anunciado pela mídia, era para nós uma vitória.

Veio 1994. O plano real deu cabo a mais de uma década de tentativas frustradas de estabilidade econômica. As portas do consumo estavam finalmente abertas para muitos de nós, podíamos ostentar alguns luxos, como televisores, aparelhos de som, telefones celulares, e a oferta de trabalho passou a ser farta. A economia brasileira, apesar de alguns percaustos soprava vigorosamente.

Veio a década de 2000 e os 8 anos de governo Lula deram ao país um status de potência econômica. Enfim a promessa de que o Brasil seria o país do futuro que há tantas décadas se dizia, parecia se concretizar. A nova classe média crescia, pessoas saíam da linha da extrema pobreza e passaram a consumir. O mercado de consumo ficou aquecido, mas alguns resquícios do passado ainda sombreavam nossa realidade.

Lembra dos comerciais que citei no começo deste texto? Com um modelo educacional fragilizado, a mídia fez o papel da escola, e acabou por lançar as pessoas ao consumismo. Novelas, filmes, seriados, comerciais, programas de TV e rádio, nos ‘ensinaram’ que para que você possa ter status, respeito e admiração das pessoas, era preciso que você tenha posses: carro, roupas de grife, aparelhos eletrônicos, etc.

Esta “indução midiática ao consumo”, continuou nas décadas de 90 e 2000 e até hoje isso existe. Lembro de várias modinhas desde os anos 80, como calças US-TOP, tênis Bamba, camisetas Flamel, bermudas de surfista, calças capri e saruel, camisetas gola “V”, e roupas e artigos de marcas como HD, Oakley, Benetton, Hollyster, etc.

O rolezinho é um subproduto, tido como indesejável por pessoas que se consideram da classe dominante, de uma sociedade condicionada ao consumo, mas é, assim como outros movimentos, uma ação de contra-cultura jovem. A nossa juventude é influenciada por muitos modelos, os quais ele capta e interpreta por meio de ações. O rolezinho é uma dessas ações, e precisa ser visto, não como um movimento marginal, mas sim como uma questão a ser refletida de que até que ponto estamos condicionando as pessoas a serem consumistas.

Vemos que todo o processo de formação social e educacional no país é deficiente. Democratizar a mídia seria uma forma de combater em parte a mídia consumista que vemos. Regular a publicidade voltada para crianças além de promover melhorias qualitativas na educação básica, também são importantes ações afirmativas para corrigir a rota. Devemos entender esse movimento, além de conhecer e respeitar, mas mostrar ao jovem outros rolês, novas formas de expressão cultural e social, e combater o consumismo por meio de campanhas, podem ajudar a mostrar ao jovem que hoje está sem norte, uma referência.

Façamos então um grande rolê, não em shoppings, os templos do consumo, mas sim em todos os outros lugares, onde podemos enriquecer nossas mentes, ostentar nossos valores e nos aceitar como realmente somos.

Os ‘Days After’

A última semana foi estranha. Reviravoltas de todas as formas, com uma inexplicável tristeza, um maldito karma que me corroeu, de modo a me afogar em uma profunda melancolia. A melancolia cega, leva nossas perspectivas a uma perversa escuridão, roubando aos poucos nosso entusiasmo, nossa força, e por fim, nosso futuro.
Há muito tempo não sonho. Minhas ilusões me atormentam o dia inteiro, me assola o tédio, o rancor, a inveja e por fim, a vida vai se esvaindo aos poucos, tal qual o sangue no asfalto escorrido de um cadáver. Sem inspiração, sem memória, sem conhecimento, sem vontade, estou perambulando pelas rotinas tal qual um zumbi, um morto ambulante pelas ruas, entorpecido pelo mal que me sucumbia ainda mais. Um pesadelo interminável. Um tenebroso purgatório, onde permanentemente pago por meus pecados. Uma delirante paranóia que me arrasta a um estágio de letargia. Um ciclo vicioso, destrutivo, arrebatador.
Desse pesadelo precisava acordar, do contrário, sucumbiria a um estágio vegetativo de melancolia profunda e insanidade. Era preciso um basta, e começou semana passada, ao conversar com a psicóloga. Falei de muitos dos meus ais. Minhas tristezas, frustrações e desatinos. Precisava entender o que me consumia, o que me impedia de seguir adiante, o porquê de meu desânimo. Aos poucos vi que meu coração estava preso. E meu corpo em fuga, impedia que as raízes de meus males fossem resolvidos. E abraçava novos ares, e buscava novos lugares, novas inspirações, para que minha máquina de sonhos ficasse abastecida, nutrida de ilusões. Mas de tantas ilusões, minha alma ficou obesa, ficou cheia, sem possibilidade de digerir todas as ideias, todos os sonhos que colhi nos verdejantes campos da vida. Era preciso me desfazer de algo, me desfazer de todo o peso que impedia de seguir adiante.
Na mesma noite da consulta com a psicóloga, eu saí a noite, caminhei por um longo tempo, pensando, pensando e conversando comigo mesmo. Precisava processar toda aquela nova e difícil realidade. Eu estava deprimido. Não aguentava mais aquela verdade que arremessou meus anseios contra o chão, despedaçando-os como frágeis cristais. Estava perdido, sem ter para onde ir, anônimo, solitário, indefeso. Era preciso agir de alguma forma, um dia de cada vez. Uma vida de cada vez. Um sonho de cada vez.
O primeiro ‘day after’, vi a rotina. Acordar tarde, me arrumar, me irritar com as coisas não dando certo, os atrasos, os desacertos, as cobranças. Incrível como o desânimo nos paralisa. Vê-se tudo com cara de paisagem, não se reage, aceita, não se indigna, capitula, não se nega, se curva.
O segundo ‘day after’ foi o do desatino. Novo atraso, nova cobrança, nova letargia, mas com um fio de esperança que se torna um álibi do tédio: fim de semana chegando, tempo de renovar as energias, tempo de quebrar os paradigmas aos quais fomos impostos. Uma doce ilusão, mais uma. Pois é tamanho o tédio, que a única imagem de lembrança de um fim de semana, é a das paredes do quarto. Insano, estúpido, cruel destino de 48 horas.
O terceiro ‘day after’ foi o do trabalho. Coloquei as tarefas que precisava colocar em dia. Consertei coisas, limpei a pauta. Vi que a palavra “ajuda” tem um sentido reflexivo. Você se ajuda ao ajudar pessoas, se sente útil. Se sente importante. Quando se compartilha aquilo que tem de valor com outras pessoas, um pouco de você fica gravada nas pessoas com quem compartilhou, e isto te engrandece, te eleva a um patamar superior, divino, que o torna forte, importante. Sua alma e seu ego se transformam, e você recebe de volta na satisfação alheia, um regozijo sem par. Os maiores nomes da humanidade são tido como tais por compartilharem seus dons com o mundo, e infelizmente, poucos aprenderam a lição.
O quarto ‘day after’ foi o do desapego. Saí de casa, andei muito, vi meus vícios e meus defeitos passarem perto, mas deixei-os em algum lugar pelo caminho. Nada de computadores, celulares, jogos, cigarros, pensamentos ruins, malícia, miséria. Enfrentei o tédio, chutei o marasmo e fiz um golaço. Ao jogar bola com desconhecidos, vi a necessidade de interagir e ver o quanto é importante exercermos nossa humanidade. Olhamos torto, desconfiamos, tratamos com indiferença, e isto nos desumaniza, impede de buscar em nós a essência que nos faz felizes, que é a inspiração. Ao olharmos com cumplicidade, demonstrarmos confiança, tratamos com empatia, nos aproximamos do próximo, e nosso intelecto evolui. Ah se fosse possível as pessoas entenderem que é preciso menos ‘EU’s’ e mais ‘NÓS’es’.
O quinto ‘day after’ foi o da percepção da qualidade frente ao status quo horripilante da quantidade. Fui destituído de uma tarefa à qual fui designado, a pretexto de que não eram mais necessários meus serviços. Fica claro a tratativa que, para o status quo é de maior valia 100 trabalhos medíocres ao dia, do que 10 trabalhos excelentes, o que revela uma triste inversão de valores. Fazer bem não é importante, fazer muito é que é, e fazendo isto com menos tempo e menos custo. Sei que meus atrasos e minha produção abaixo do que se espera o status quo, influíram na minha destituição, porém é observável o tratamento indiferente de descartar pessoas como se descarta lixo. Sabemos nossos valores, e só estes são vistos pelas outras pessoas, quando cultivamos nossos valores nas ações que praticamos. E a ausência destes valores geram falhas no processo, pois retiram o esmero necessário para que este logre êxito. Buscar nossos valores e empreendê-los em nossas ações é uma arma poderosa para fazer as coisas bem feito. E tudo deve ser realizado no tempo certo, pois algo empreendido rápido demais não matura, não se define, sequer se estabelece.
Foram cinco dias após um dia que poderia ser negro, mas que se revelou que existe uma luz ao fim do túnel, mas que precisamos correr em direção a ela para que deixe de se tornar distante.

A interferência da entre o 4G e a TV Digital

Segundo o site Telesintese, no próximo dia 9 de dezembro começarão a ser realizados testes de campo na cidade de Pirenópolis, para mensurar os efeitos da interferência de sinal entre o sinal móvel LTE (4G) e a TV Digital aberta (ISDB-Tb). Os testes são de iniciativa da Anatel e serão realizados por universidades parceiras.
Há uma divergência entre a Anatel e os radiodifusores. A primeira considera que a interferência é baixa e localizada, sendo necessária apenas a instalação de filtros de sinal nas estações rádio-base (as torres de antenas de celular). Já a SET (Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão), considera que o grau de interferência é muito maior. Em testes realizados pelos radiodifusores, foi observada interferência no sinal da TV Digital provocada tanto pelas antenas de celular, quanto pelos próprios aparelhos em determinados canais.
A questão da interferência se tornou conhecida após alguns testes ocorridos no Japão, ha cerca de um ano. Mesmo atuando em faixas de espectro de frequências distintos, foi detectada uma interferência que fazia com que canais saíssem do ar, ou ainda que ligações ou conexões de celular próxima a televisores apresentassem interrupção. Recomendou-se a instalação de filtros de sinal tanto nas estações rádio-base quanto nos novos modelos de televisores que forem fabricados, o que poderia trazer um grande ônus para o consumidor, forçando-o a adquirir aparelhos novos ou substituir os existentes.
Além da questão técnica, também a questão política recai sobre o debate, reacendendo a rixa ocorrida entre difusores e teles, que ocorreu no momento da escolha do padrão de TV Digital, em 2007, já que após o ‘switchoff’ (o fim do sinal analógico), haveria uma faixa de sinal que não será utilizada e seria repassada às teles para o sinal 4G, que será a faixa de frequência dos 700 MHz. Um possível problema de interferência de sinal, provocaria um atraso no repasse da faixa de sinal, o que não seria benéfico às teles. Por outro lado, os difusores entendem que haveria uma oferta de sinal ainda mais restritiva, com as interferências, já que os canais que forem mais afetados, não poderão ser alocados para transmissão, um problema e tanto em regiões populosas, pois lá a concorrência é grande. Sem contar que se a faixa de frequência que for afetada se situar entre os canais 61 e 69, será necessário um rearanjo dos canais, pois estes canais são reservadas para TV’s públicas.

TV Globo inaugura transmissões jornalísticas no formato HD

Depois de RedeTV!, Band, Record, Gazeta e TV Cultura, a Rede Globo de Televisão, passou a transmitir os telejornais em HDTV desde segunda-feira, 02/12. A maior rede de TV do país passa a ter cerca de 80% de sua programação transmitida em HD.
Por ser a maior emissora do país e por ter dezenas de emissoras filiadas gerando conteúdo jornalístico, era esperado que a transição fosse lenta e que os telejornais da rede somente começassem a transmitir em Alta Definição agora. O resultado foi bem-feito. Praticamente toda a escalada do Jornal Nacional foi transmitida em HD, inclusive com entradas ao vivo e aereas no novo formato.
Todos os telejornais de transmissão nacional da rede estão no novo formato: Bom-Dia Brasil, Globo Notícia, Jornal Hoje, Jornal Nacional e Jornal da Globo. Mas a preparação começou antes. Os telejornais locais do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Brasília, Recife entre outras, já estavam em HD há cerca de duas semanas. E dois meses antes, os programas esportivos do Globo Esporte do Rio e São Paulo já estavam no ar com a máxima resolução.
Segundo a emissora, em reportagem veiculada no Jornal Nacional, foi necessária uma grande readequação ao novo formato, com a troca de equipamentos, cenários, softwares de edição, links de comunicação e servidores de armazenamento, além de recursos gráficos que tiveram de ser adaptados.
Para quem tem televisão digital é uma grande notícia, pois agora vemos que a boa parte da programação televisiva no país em todos os canais que transmitem o sinal digital são produzidos para os modelos de televisão novos, o que pode acelerar o processo de transição da TV analógica para a Digital.

Sejamos todos meios, e não fins

Política não é uma coisa que se faz de dentro para fora, é de fora para dentro. As ideias não são impostas, são expostas, discutidas e aprimoradas. Não se pode ser uma questão de mera transmissão de uma pessoa ou um grupo para uma coletividade, é uma criação coletiva, movida por desejos e sentimentos comuns, que exploram e ultrapassam as barreiras do ego.

Quem quer fazer política deve entender que não deve ser o fim e sim o meio, deve agir e pensar de fora altruísta, deve entender o mundo que o rodeia e trazer esse mundo como fonte de inspiração para seus atos e palavras. Ele não dita normas, teorias e conceitos, ele os sintetiza da realidade que o cerca.

Esta semana senti na pele a realidade de representar uma coletividade, e buscar traduzir os seus anseios. É uma tarefa árdua e conflitante, pois deve-se garimpar as necessidades próprias de cada indivíduo e consumá-las em um anseio comum, coletivo. E para isso, devemos sempre agir com desapego de ego, de vaidade, com vontade, senso crítico e fé, liberdade, humildade e empatia. Sem isto, nos tornamos falsos, sem valores, hipócritas, sem caráter. Devemos também filtrar aquilo que é fútil, aquilo que não representa anseios comuns, mas benefícios individuais. Em suma, abolir o ego.

Àqueles que pensam que política se faz de dentro para fora, um aviso. A surdez de suas convicções e a cegueira de suas vaidades os corrompem, e os levarão à ruína. Pois a verdade daquilo que se crê salta aos olhos, mas só é decifrada por quem vê a verdade sobre todos os olhos, sobre todas as formas de ver o mundo.

Aos hipócritas que desfilam seus venenos, com críticas infundadas, acusações falsas e ações injustificáveis, mas reagem de forma igual, quando se invertem os papeis, meu lamento, pois se entende que o fazem não é por benefício mútuo, mas benefício próprio. Ambição, poder e influência são os anseios menos importantes de líderes legítimos, pois sabem que as ações não se originam deles, apenas passam por eles. E são estes, os legítimos líderes, condutores da mudança e do triunfo.

Ao ler palavras infelizes de pessoas sem a visão apropriada para conduzir a mudança, tiro lições de que é verdadeira a afirmativa de que a mente é como um paraquedas: é útil em movimento, quando aberta. E da mesma forma que o paraquedas apara o ar para trazer a pessoa ao chão com segurança, a mente aberta apara as ideias para trazer a luz do entendimento. Não devemos nos permitir que nossas percepções sejam obstruídas pelo preconceito, pela vaidade e pelo egoísmo.

Sejamos todos meios e não fins.

Pau de bate em Chico, bate em Francisco

Uma reportagem do jornal Folha de São Paulo, no qual um reporter conseguiu emitir 9 identidades em estados diferentes, revela a estrutura falha do Estado em ter o controle sobre seus cidadãos. Eu já escrevi anteriormente sobre o assunto, porém é preciso debater novamente sobre isso.

Além dos problemas de ordem judiciária/criminal, esta prática impossibilita que haja melhores serviços públicos, como saúde, educação, além de gastos desnecessários do Estado com a emissão de documentos, com redundância de dados e permissão à fraudes.

Em 1994, o Plano Real instituiu uma simplificação da administração da política econômica por meio da desindexação econômica, ou seja, antes do plano haviam vários índices para determinar parâmetros de valores, tamto pelos orgãos públicos, como pelo próprio mercado. Assim, com vários índices, a moeda ficava em segundo plano, favorecendo a inflação. Quando desindexou, a moeda, o Real, passou a ser o principal parâmetro, recolocando-o como parâmetro valorado na economia.

Para a política civil, deveria acontecer a mesma coisa. Temos diversos “índices” de identidade, tais como: certidão de nascimento, RG, CPF, título de eleitor, carteira de trabalho, entre outros. Com tantos números de identificação, a estrutura de controle das pessoas por parte do estado fica descentralizada, impossibilitando seu controle.

Com uma base de dados unificada e disponível a todos os serviços públicos (educação, saúde, trabalho, justiça, fisco, previdência, etc.), o Estado fica mais eficiente, tanto para fornecer serviços de qualidade, quanto para aplicar a lei com um maior rigor.

Também pode-se usar essa base de dados para outras organizações, como faculdades, bancos, sindicatos, entidades de classe e partidos políticos, assim como toda a população, permitindo assim que informações públicas também estejam disponíveis à todos.

Um exemplo de um serviço benéfico que surgiria com um cadastro unificado, seria a de um prontuário médico público compartilhado, permitindo que SUS, convênios médicos, hospitais e profissionais de saúde possam escolher o melhor tratamento, com base em seus antecedentes médicos. Na educação, o processo de matrícula, formação e histórico escolar seria simplificado e desburocratizado.

Claro que não é de interesse de muitos políticos que se simplifique a estrutura de identificação brasileiro. Quanto mais burocrático e engessado o Esatado, mais vantajoso para eles. Além disso, muitos destes também praticam fraudes contra o fisco e a falsidade ideológica é um importante recurso, que seria bastante inibido, com uma unificação ideológica.

Pois se a lei é igual para todos, a burocaracia e as falhas também. Pau de bate em Chico, Bate em Francisco.

O conto do cartão de crédito

Os bancos descobriram uma forma absolutamente rentável de engordar ainda mais seus lucros: o cartão de crédito.

A última de alguns bancos é simplesmente bloquear transações em reais de transações no exterior, como o iTunes, Facebook, Google Play, Xbox, Windows Phone, etc. E se a razão que eles alegam é a segurança, engana-se, amigo incauto. A forma de cobrança de transações em moeda estrangeira obedece a um ritual, que em transações em real não ocorre.

Quando você compra em dólar, é calculada a cotação três vezes: quando autoriza a compra (no dia que você faz a transação), quando fecha a fatura, e quando você paga a fatura. Quando a fatura fecha, é cobrada a variação do câmbio entre o dia da compra e o fechamento, e quando você paga, é cobrada uma nova variação com o valor do câmbio no dia em que você pagou a fatura, sempre com cobrança na fatura seguinte. Com o câmbio flutuante e a atual conjuntura econômica, a tendência é de valorização do dólar e assim, sempre haverá um valor a pagar. A loja já recebeu o dinheiro da compra, mas o banco continua cobrando, daí o lucro.

Entre outras estratégias dos bancos sobre o cartão, está a de supervalorizar o limite do cliente, com valores de limites valendo o dobro, ou o triplo de sua renda. Com o descontrole financeiro, o cliente acaba entrando no crédito rotativo com taxas de agiotagem: entre 8 e 16% ao mês! E assim a dívida do cartão vira uma bola de neve a ponto de se tornar impagável.

Tem algumas sacanagens de alguns bancos também. O Itaú, por exemplo, cobra os juros do rotativo a partir da data da compra em seu Itaucard 2.0. O Santander faz reanálise de crédito do cartão sem consultar o cliente e cobra uma taxa absurda. O Banco do Brasil cortou programas de isenção de anuidade atreladas ao uso de produtos e serviços há cerca de 3 anos, e mudou o cálculo do pagamento mínimo, fazendo com que pagamentos de títulos, parcelas de faturas, e compras parceladas com juros do banco sejam integralmente incluídas no pagamento mínimo.

O cartão de crédito é a punhalada traiçoeira dos bancos contra seus clientes. Fiquem espertos, controlem os gastos do cartão e prefiram pagar a fatura cheia.

Generalizar: inoportuno mal

Recebi comunicados do Facebook e da Microsoft os quais diziam que os bancos brasileiros não estão mais permitindo transações em reais, pois estas empresas são sediadas no exterior. O que se viu foram reclamações de clientes de cartões de crédito, quanto a transações em reais, com cobrança de impostos de transações feitas no exterior. É parte da cultura do Brasil generalizar para resolver as coisas, porém sabemos que este tipo de “solução” mais atrapalha do que ajuda, e pior, além de escancarar um tolo preconceito, tais atos e opiniões expõe tamanha mediocridade que precisa ser extirpada de nossa cultura comportamental.

Ontem, ao ler os comentários sobre a continuidade da greve dos bancários, li muitas mensagens do tipo “bando de vagabundos”, “se não está satisfeito, procura outro emprego”, “estão reclamando de barriga cheia”, etc. Este é um outro exemplo de generalização tola, e demonstra um total desrespeito e desconhecimento a uma categoria profissional. Estes comentários geralmente vem de pessoas que somente conhecem o banco pelo lado de fora, não entendendo, portanto, o motivo pelo qual os trabalhadores cruzaram os braços. Às vezes soa como inveja comentários assim, lembrando assim a fábula da raposa e as uvas, onde fala-se mal daquilo que almeja sem sucesso.

Vejo generalizações em quase tudo: todo político e juiz de futebol é desonesto, todo líder religioso é pessoa de bem, todo negro é malandro, todo pobre é bandido, toda mulher é frágil, assim como toda mulher que se veste de forma ousada é vulgar ou vadia, todo homem gay é efeminado e não é capaz de desempenhar qualquer atividade tipicamente masculina, a mulher lésbica é masculinizada e também incapaz de desempenhar atividades masculinas (acredite, muitos homens pensam assim), que todo petista é mensaleiro, que todo sindicalista é vendido, e por aí vai. Se você considera, assim como eu, todas essas afirmações que citei como absurdas (mas absurdas mesmo, em qualquer ocasião e individualmente), meus parabéns! É um bom começo de ter um certo discernimento das coisas, e uma postura mais crítica e inteligente sobre os fatos e as pessoas.
Generalizar é pensar e agir de forma preguiçosa e tola. É muito diferente de igualdade a generalização, pois a primeira entende as particularidades de forma inclusiva e a segunda não, colocando todas as situações como regras, sem exceções. Com base no preconceito e na generalização, é simples o julgamento, e quase certo o veredicto errado. Somente com o conhecimento e a abolição dos preconceitos que nos rodeiam, que poderemos dar o tratamento correto aos fatos, e diante desse tratamento, tomar as atitudes corretas e justas a cada caso.

No caso dos cartões, o cliente poderá ter um enorme prejuízo com as transações devido à variação cambial, já que essas transações serão faturadas em reais. Seria mais prudente, em vez disso, criar mecanismos que permitam ao cliente ser notificado que a transação em questão, mesmo cobrada em reais, seria internacional, mas preferiram generalizar.

Reitero a tolice que existe em generalizar, sempre quem sofre é o objeto de tal generalização.

Há certos momentos em que

Há ocasiões em que temos que tomar decisões. Ou simplesmente postergá-las. Há momentos em que mentimos, que falamos a verdade, ou que simplesmente nos calamos, seja com a verdade que se revela ou com mentiras, embora injustas, não temos força ou argumentos necessários para desmascará-las. Há momentos que temos que fazer tudo, ou quase nada, há momentos para agir, ou esperar, para tudo há um momento oportuno e podemos agir certo na hora inoportuna, ou errada, no momento em que o erro não é admitido.

Mas a ação é necessária. Primeiro que ao agirmos, fazemos movimentar o universo que nos rodeia. Depois que outras pessoas ao verem o seu ato, reagem de alguma forma, gerando uma cadeia de ações, que de forma positiva ou negativa causam reflexos em você. O resultado do impacto sempre dependerá da ação executada. Então vemos que fica inverossímil a teoria de que somos incapazes de controlar os nossos destinos, pois por sempre darmos o primeiro passo, tudo se reverte conforme a causa. Colhemos o que plantamos.

Por isso, agir conscientemente e no momento certo, sempre observando os efeitos que seus atos causarão, será sempre considerada uma atitude sábia. Pois aquele que age desta forma, entende que toda ação humana jamais será uma ação pura e simplesmente individual, mas coletiva em maior ou menor grau.

Por isso é que há certos momentos como agora em que é preciso refletir suas atitudes, de modo a corrigir as possíveis falhas e buscar aprimorar seus atos de maneira a afetar positivamente as outras pessoas, sempre.

Preconceito: O lado sujo do futebol

Hoje vi a repercussão de uma demonstração de afeto que abriu a caixa de pandora do futebol brasileiro, como já ocorrido outras vezes. O atacante Émerson, do Corinthians, publicou uma foto a qual ele beijava um amigo. Foi um selinho, mas suficiente para provocar reações de indignação e ira por parte de torcedores corintianos. Hostilidades, pedidos de saída e mensagens homofóbicas tomaram a timeline das redes sociais.

O assunto homofobia é tido como tabu: pouco se debate, exceto na comunidade LGBT, muito se evita ou combate a intolerância, até mesmo sendo incentivada em alguns locais, entre eles, o futebol.

Em um país onde a mulher era proibida de praticar o futebol até 1983, a presença do machismo e homofobia no futebol brasileiro tornou-se elemento da cultura futebolística e reforça a tese de que há muito o que ser feito no Brasil para que o preconceito seja extirpado de nossa sociedade.

Parte da culpa disso se dá na mídia, quando ela polemiza em vez de propor uma opinião mais adequada ao respeito e à inclusão. A imprensa marrom do futebol brasileiro, para vender jornais ou arrebanhar audiência para seus programas de rádio e TV buscam defeitos em clubes e atletas, pois ganham com o distúrbio, com o caos, com a confusão, atingindo assim a notoriedade.

O futebol é um esporte popular, mas suas raízes elitistas ainda são percebidas pela figura do moralismo e do machismo. Alguém se lembra, que no início do século XX, os futebolistas negros e pardos tinham que se maquiar com pó-de-arroz para entrar em campo? Isso acabou quando surgiram grandes futebolistas negros, como Leônidas da Silva e Pelé, que mostraram que habilidade não tem relação com a cor da pele. Será que haveremos de ver algum craque futebolista assumidamente gay, para desmistificar esse incômodo preconceito?

Aliás, qual a relação existente entre habilidades pessoais e homossexualidade? Não existe nenhuma tese que comprove tal fato. Portanto, considero que qualquer insinuação que indique que um homossexual seja inapto a desempenhar qualquer atividade seja descabida, preconceituosa, e acima disso, desrespeitosa. E digo mais: qualquer demonstração de afeto não pode ser vista como conotação sexual. Foi o que aconteceu em São Paulo, nos ataques homofóbicos na Paulista, ou no interior de São Paulo, quando pai e filho foram agredidos por andarem abraçados na rua.

Vejo que as manifestações homofóbicas muitas vezes tem origem em torcidas organizadas, como o ocorrido no Palmeiras, ano passado, e agora com a camisa 12 protestando na porta do CT. Esta mais que provado que é nas torcidas organizadas que vemos encubado nas torcidas sentimentos de ódio e preconceito. Que tal acabar com elas?

Faço minhas as palavras de Emerson ao comentar as reações negativas de seu corajoso ato contra a homofobia no futebol: “Preconceito babaca”. E aproveito para concluir: preconceito é coisa de babaca.